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As Pedras no Caminho… Parte 1

No post Equilíbrio, discutimos a importância de experimentarmos conquistas e adversidades no mesmo volume e intensidade, para que se forme uma mente mais equilibrada, serena e resiliente.

O que significa, na prática, que não devemos resumir nossas reflexões a conceitos que funcionam, apenas, quando tudo está correndo bem, mas buscar respostas para as situações adversas. Por isso, iremos equilibrar esse blog e falar sobre dificuldades neste e nos próximos 3 posts.

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+ Conteúdo

Espero que você esteja gostando do Blog.

Quer mais conteúdo sobre algum assunto específico? Escolha seu tema e boa leitura!

  • Desenvolvimento – Um conjunto de artigos que trata de evolução pessoal e profissional.
  • Inovação – A única de maneira de prosperarmos continuamente em um mundo tão dinâmico.
  • Liderança – O assunto mais buscado do Blog. Acesse para conhecer alguns insights sobre o tema.
  • Produtividade – Algumas ferramentas para melhorar sua eficiência e eficácia.
  • Comunicação – Conheça um pouco mais sobre as principais tendências.

Se tiver alguma sugestão, feedback ou comentário, não deixe de nos enviar uma mensagem.

Lógica Simbólica 2

Mensagens ocultas (e egoístas?)

O primeiro post sobre Lógica Simbólica já fez 8 meses e, desde aquela época, tenho observado e tentado, insistentemente, descobrir qual é o real significado por trás de qualquer mensagem que recebo.

Como dissemos naquela época, toda comunicação tem uma mensagem primordial, que pode estar ingenuamente perdida ou maliciosamente oculta. Sabendo disso, cabe a cada um de nós desvendar esse objetivo, seja quando recebemos ou transmitimos alguma mensagem.

A mais chocante conclusão que tive ao observar e ler muito sobre o tema é que grande parte da Lógica Simbólica é egocentrada, ou seja, serve principalmente para satisfação pessoal.

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Desmotivação – conhecendo o inimigo

Conheça seu inimigo e cuide de suas fraquezas

Existem muitas teorias e estudos que abordam a motivação, criar um ambiente motivador parece ser a grande sacada da vez. Isso fica bastante evidente quando empresas passam a criar espaços de descompressão, com áreas de lazer e relaxamento, benefícios adicionais, que são estendidos aos familiares, além de outras recompensas cada vez mais atrativas.

Por outro lado, a necessidade de tantas ferramentas de motivação pode representar uma tendência de que o trabalho, por si só, não seja capaz de gerar engajamento suficiente para o sucesso dessa parceria empresa/funcionário.

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Reuniões (Im)produtivas

O velho hábito de juntar pessoas e não resolver absolutamente nada

As reuniões empresariais são práticas comuns em praticamente todas as organizações. Os integrantes de uma ou várias equipes se reúnem para falar de resultados, tomar decisões, compreender a evolução de um projeto ou, simplesmente, comunicar alguma nova diretriz.

Elas parecem ser inofensivas, aliás, são vistas por muitos como uma demostração de organização e produtividade. Mas, na prática, será que todas são essenciais?

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Planejamento Estratégico e Execução

Transformando ideias em realidade

Sempre gostei muito de estratégia, definir os planos de uma grande empresa sempre foi um dos meus desejos. Estímulos não faltaram, a literatura sobre o tema é vasta, o assunto está sempre presente na grade curricular dos cursos e é visto como uma das atividades mais sofisticadas das empresas.

Quando tenho alguma ideia de projeto ou ação, quero logo colocar no papel e definir todas as estratégias, não vejo a hora de apresentar o plano para que as pessoas possam me dar feedbacks.

Realmente é uma atividade estimulante, mas ela só serve mesmo quando as coisas acontecem de verdade. Projetos que não saem do papel não valem muita coisa e isso fica cada dia mais evidente para mim.

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Falácias – entenda os truques do diálogo

Uma discussão só é boa se todos estiverem satisfeitos no final

As discussões estão presentes em toda e qualquer interação humana, seja para falar de futebol, discutir os resultados da empresa ou ter a famosa DR com o companheiro(a).

Essa prática pode trazer muitos benefícios se todos os envolvidos tiverem como objetivo a busca pela verdade, pois resulta em conhecimento adicional e novas conclusões sobre o assunto.

O problema é que, para a maioria das pessoas, o mais importante é vencer a discussão. Essa tendência não se trata de um mal do mundo moderno. Na Grécia, filósofos conhecidos como Sofistas desenvolveram a Retórica, ciência que tratava da arte de convencer através da palavra.

Ou seja, a busca pela verdade coletiva passa a ser uma tentativa de imposição de crenças individuais e ninguém ganha nada com isso (a não ser que estejamos falando de política).

Aqueles que encaram a discussão como uma boa briga possuem uma arma: a falácia. Trata-se de um argumento que parece ser verdadeiro, mas, na prática, induz ao erro. Elas podem ser propositais (sofismo) ou involuntárias (paralogismo), mas, de qualquer forma, distorcem as conclusões.

Abaixo, uma lista das falácias que me deparo com mais frequência, seja no ambiente corporativo ou pessoal:

Falso Dilema – É dado um argumento que limita as opções, dessa forma, a “vítima” se vê presa em um dilema. Ex. ” Ou você quer o impeachment da Dilma ou você é Petista“.

Ad ignorantiam – Cria uma condição falsa àquilo que não pôde ser provado como verdadeiro ou entende como verdade algo que não pôde ser provado falso. Ex. “Sou inocente até que se prove o contrário“.

Ad Baculum – O famoso apelo à força. Ex. “Se quiser manter este emprego, me escute bem!

Ad Misercordiam – Direciona a argumentação com base em fatores emotivos. Ex. “Me preparei durante meses para esta entrevista durar apenas 5 minutos?”.

Ad hominemSe faz um ataque contra o argumentador não contra o argumentoEx. “Não posso aceitar a opinião de alguém tão ignorante!”

Post hoc ergo propter hocAssume que uma única correlação é prova suficiente da causa (depois disso, logo, por causa disso). Também conhecido como Correlação Coincidência. Ex. “As vendas caíram após o anuncio do aumento do dólar. Portanto, nosso negócio também depende da flutuação da moeda”.

Espantalho – Cria-se um novo argumento, mais fraco e que possa ser tendenciosamente interpretado. Ex. “Eu adoraria viajar com você, mas as passagens estão tão caras que eu prefiro ficar em casa”.

Ad populum – Afirma que uma opinião é compartilhada por muitas pessoas para tentar corroborar com seu argumento. Ex. “Estão dizendo por aí que vão acontecer muitas demissões”.

Falácia da Falácia – Acusar como vago todo argumento porque se cometeu uma falácia ou erro de argumentação. Ex. “Depois dessa, nem quero ouvir mais nada”.

É importante conhecer esse tipo de argumentação, pois, dessa forma, evitamos cometê-los e, principalmente, ficamos mais atentos para não nos deixar ser enganados. Sempre que estiver entrando em uma nova discussão, lembre-se: a verdade será mais proveitosa que a vitória.

Existem muitas outras falácias que merecem ser conhecidas, uma fonte interessante de consulta é: https://yourlogicalfallacyis.com/

Referências: Como Evitar Falácias. Disponível em: http://www.pucrs.br/gpt/falacias.php. Acesso em: 27.09.2015.  Guia das Falácias. Disponível em: http://www.str.com.br/Scientia/falacias2.htm#fd. Acesso em 27.09.2015.

Com ou sem emoção?

O novo estoicismo = Razão e Serenidade

Estoicismo é uma doutrina que teve início há cerca de 300 a.C. em Atenas, mas teve suas ideias mais difundidas no Império Romano, onde floresceu como principal base para ética pessoal e política, até ser suplantado pelo cristianismo no século VI.

Seu principal idealizador, um homem chamado Zenão de Cítio, foi o primeiro a argumentar que o homem deveria “viver conforme a natureza“. Segundo seus princípios, o que difere os animais das plantas é o impulso, portanto, a natureza do mundo animal é o instinto.

A diferença entre o homem e o animal seria a razão, ou seja, para viver conforme a natureza, o homem deveria seguir a sua racionalidade.

Segundo Ubaldo Nicola, a obra Tranquilidade da Alma, de Sêneca, outro influente pensador estoico, diz que o homem deveria colocar sob controle racional o seu componente emocional:

As emoções são doenças do espírito que perturbam o indivíduo e criam continuamente novas necessidades. A qualidade do sábio, portanto, é a indiferença, e a finalidade de sua existência é a apatia, que nasce da supressão de seus desejos“.

A linha de pensamento de Sêneca defende, também, que deveríamos aceitar certas condições da vida, porque, ao não fazê-lo, acabamos piorando a situação. Como, por exemplo, virar de um lado para o outro na cama quando não conseguimos dormir. Tal agitação serviria apenas para que o corpo e a mente ficassem ainda mais despertos.

Essa necessidade de movimento e mudança, segundo ele, é uma tentativa inútil de melhoria, dizia ainda que os homens se entediam de tudo que está ao seu alcance:

…e assim fazem uma viagem após outra, passam de um espetáculo a outro. Cada um foge sempre de si mesmo. Mas de que adianta, se não podemos nos evitar? Cada um persegue e sai ao encalço de si mesmo, como um companheiro que o oprime.

Lúcio Aneu Sêneca

Essa noção do homem racional foi tomando outros caminhos, conforme as novas descobertas da ciência sobre o cérebro e a psique humana.

Alguns sem qualquer cabimento, como na Inglaterra do século 18, quando, segundo os escritores Michael Mosley e John Lynch, surgiu uma nova ordem de requinte, associada a uma crescente repulsa pelo corpo humano, comparado ao dos animais em suas imperfeições:

“Na sociedade elegante os corpos eram cobertos por talcos, roupas e perucas, enquanto ‘a mente’, nosso dom refinado e plenamente humano, era cada vez mais valorizado.”

Outros avanços, no entanto, são realmente importantes para entendermos a racionalidade. Sigmund Freud foi um dos primeiros a reformular a noção do eu como principal condutor das decisões humanas.

Segundo sua teoria, seríamos controlados pelo inconsciente: “As emoções mais básicas determinam ações e pensamentos, como manipuladores ocultos que comandam uma marionete.”

Essas ações causadas por impulsos são facilmente percebidas e afetam diretamente nosso cotidiano. Você já se perguntou, por exemplo, por que as pessoas abusam de alimentos altamente calóricos, mesmo sabendo que fazem mal a saúde e causam a obesidade, uma das maiores pragas da atualidade?

Considere nossos mais antigos antepassados, que viveram em savanas e florestas, onde alimentos doces e calóricos eram extremamente raros e a comida em geral era escassa.

Segundo o historiador Yuval Noah Harari, se um homem da Idade da Pedra encontrasse uma árvore repleta de figos, a coisa mais razoável a fazer era ingerir o máximo que pudesse imediatamente, antes que um bando de babuínos ou outro concorrente comesse tudo.

Hoje, podemos morar em apartamentos com geladeiras abarrotadas, mas nosso DNA ainda pensa que estamos em uma savana“.

Essa teoria do “gene guloso” é apenas uma das evidências de que somos manipulados por instintos que foram moldados em ambientes totalmente diferentes do nosso.

As sociedades mudaram mais rápido do que nossas emoções foram capazes de se adaptar.

Pense na “necessidade” que você sente de “defender seu território”, quando um carro entra na sua frente no trânsito, ou na necessidade de pertencer ao grupo dos que bebem mais copos de cerveja no happy hour.

Reflita sobre como nosso impulso de economizar energia do corpo impede que tenhamos uma vida mais ativa, ou sobre o conceito de que uma vida sofrida é mais digna. Pense em como sua “intuição”, as vezes, lhe diz para abandonar um negócio, pois você corre o risco de enriquecer e ser considerado esnobe ou desonesto. 

Para piorar, ao compartilhar das mesmas emoções, os indivíduos tendem a criar pensamentos e preconceitos moldados pelo hábito, gerando comportamentos em manada, ou o que Robert Kyosaki chama de Corrida dos Ratos.

O filósofo espanhol José Ortega y Gasset alerta que devemos desafiar essas circunstâncias tanto no nível pessoal quanto no político. Afirma ainda que “a democracia carrega em si a ameaça da tirania pela maioriae que “viver como todo mundo é viver sem visão pessoal ou código moral“.

Esses comportamentos herdados de situações ultrapassadas que não foram questionados e não nos ajudam mais a sobreviver, pertencer ou proteger, podem ser evitados se adaptarmos alguns ensinamentos da doutrina estoica.

A reflexão, a revisão de paradigmas e o uso racional das emoções podem contribuir para uma sociedade mais harmoniosa. A serenidade perante qualquer situação, inclusive as mais adversas, favorecem a felicidade e as decisões racionais garantem um futuro mais promissor.

É importante entender que seguir a razão não significa se tornar escravo da racionalidade, ignorando instintos e emoções. O homem que aceita sua natureza e tem domínio de si aprende a administrar seus impulsos, aceitando sua influência, quando lhe convém.

Portanto, não seja marionete de suas emoções, nem finja que elas não existem, faça com que trabalhem a nosso favor.

Para encerrar o post, cito uma frase do mais célebre dos estoicos: o imperador Marco Aurélio. Seu livro, chamado por ele de “Para Mim Mesmo” e publicado como “Meditações“, trata-se de uma coletânea de insights anotados durante sua vida:

“Prepare-se para a ação com estes dois pensamentos: primeiro, faça apenas o que sua razão soberana e em conformidade com a lei lhe diz que é bom para os outros; e segundo, não hesite em mudar o curso se alguém é capaz de lhe mostrar em que você está errado ou lhe aponta um caminho melhor.

Mas convença-se apenas por um argumento baseado na justiça e no bem comum, nunca pelo que o atrai pelo gosto por prazer ou popularidade. Se a razão trabalhar por você, de que mais pode necessitar?

Marco Aurélio

Referências: Uma Breve História da Humanidade, Yuval Noah Harari, 2012. Uma História da CIência, Michael Mosley e John Lynch, 2011. Antologia ilustrada de Filosofia, Ubaldo Nicola, 2005. O Guia do Imperador, Scot Hick e David Hicks, 2002. Meditations, Marco Aurélio, 121-180. O Livro da Filosofia, diversos autores, 2011.

Plano de Ação e a Teoria do Incentivo – Parte 2

Motivação em equipes para uma ação de curto prazo

O tema motivação é amplamente discutido no meio acadêmico e empresarial, existem muitas técnicas de incentivo para elevar o desempenho dos funcionários.

No entanto, como fazer uma equipe ter motivação extra para um Plano de Ação, visando superar um problema emergencial, que muitas vezes não é de responsabilidade dos próprios integrantes?

Precisamos, antes de qualquer coisa, entender quais são os motivos ou estímulos capazes de ativar o comportamento desejado. Maximiano cita as principais hipóteses sobre os perfis da motivação humana:

  • Homem econômico-racional: A motivação encontra-se na perspectiva do ganho. O motivo importante é ter bens materiais.
  • Homem Social: A motivação é o grupo. Os motivos importantes são o reconhecimento e a aceitação pelos colegas.
  • Homem autorrealizador: A motivação é a realização interior. O que importa e motiva é a satisfação íntima.
  • Homem complexo: A motivação não tem causa única. Diversos motivos ou causas são importantes para mover o comportamento.

No meu caso, minhas equipes são, em sua maioria, compostas por jovens recém- formados no ensino superior, assim, percebo que o reconhecimento é uma das forças mais evidentes na motivação (homem social).

A satisfação íntima é mais característica em colaboradores ainda mais jovens, que estão cursando a faculdade e não tem seus objetivos de carreira muito bem definidos (homem autorrealizador).

Já os colaboradores que são pais ou mães e, consequentemente, possuem grande preocupação em garantir boas condições para seus filhos, tem maior interesse em ganhos materiais (Homem econômico-racional).

É claro que estou cometendo a indelicadeza da generalização para conseguir ilustrar o tema, mas consigo, junto com os gerentes de cada equipe, entender as características que são mais presentes em cada grupo.

O perfil de cada indivíduo vai determinar suas expectativas de ganho (material ou não). A relação dessa expectativa com as recompensas por sua produtividade é o que Chiavetano chama de Força Básica da Motivação e faz cada pessoa entender se algum esforço extra vale a pena ou não.

Por outro lado, precisamos garantir que não aconteça exatamente o contrário. A Teoria dos dois Fatores de Frederick Herzberg é famosa por enfatizar os grandes “motivadores” do trabalho, mas também cita as principais causas de insatisfação, das quais as mais relevantes são: Política / Administração da Organização e Supervisão.

Ou seja, não adianta entender o que motiva o indivíduo, se a Cultura da empresa ou as diretrizes do Plano de Ação não estão de acordo com os integrantes do grupo, assim como, se houver insatisfação com a liderança.

Agora que conhecemos o perfil de nossas equipes, precisamos escolher qual será o sistema de recompensas. Para ajudar nessa decisão, cito abaixo as dicas de Steven Levitt e Stephen Dubner no seu livro Pense Como um Freak:

  • Descubra o que é realmente importante para as pessoas, ignorando o que dizem que é importante.
  • Incentive-as nas dimensões que são valiosas para elas, mas que podem ser facilmente proporcionadas por você.
  • Preste atenção à maneira como reagem; se ficar surpreso ou frustrado com suas reações, trate de aprender com elas e experimente algo diferente.
  • Sempre que possível crie incentivos que alterem a estrutura, de antagônica para cooperativa.
  • Nunca, em hipótese alguma, pense que as pessoas farão algo simplesmente porque é a coisa “certa”.
  • Saiba que certas pessoas farão tudo que estiver ao seu alcance para manipular o sistema, encontrando maneiras de vencer que você jamais poderia imaginar.

A possível manipulação no sistema de incentivo é muito mais presente do que se imagina, por isso, a criação de regras que neutralizem possíveis desvios ajuda bastante.

Mas, não acredite que a “criatividade” para travar esses atalhos será superior a de um grupo que busca meios de atingir um objetivo que lhe trará benefícios. Prepare-se para tomar medidas e ações corretivas.

Outro fator que percebo nas minhas equipes é que o incentivo rotineiro perde o efeito. Precisamos renovar as alavancas. Isso acontece muito com equipes de vendas, por exemplo, que passam a receber remuneração variável de acordo com seu desempenho.

Nos primeiros meses, a alavanca colabora com a performance, porém, com o tempo, perde a atratividade, pois, passa a fazer parte do cotidiano e deixa de ser percebida como benefício adicional.

“Como humanos, somos motivados pela novidade. Quando nossa visão está fresca e nova, com muita boa vontade nos comprometemos a contemplar profundamente a nova ideia.

Mas, quando a execução aparece no horizonte, a novidade acaba e nosso compromisso com o objetivo diminui rapidamente. Sem qualquer recompensa adicional para nos manter nos trilhos, começamos a questionar nosso progresso e o potencial para o sucesso

Scott Belsky

Portanto, conheça sua equipe e garanta uma boa liderança, de modo que haja uma interação positiva e, então, crie um sistema de recompensas com incentivos que:

  • Realmente atendam ou superem as expectativas da equipe – seja dinheiro, prêmios, promoção ou reconhecimento.
  • Possuam regras claras que garantam a qualidade das ações.
  • Tenham metas e objetivos transparentes.
  • Tragam oportunidades iguais para todos.
  • Sejam renováveis.
  • Possuam uma cultura aderente aos valores da empresa.

 

Referências: Administração – Teoria, Processo e Prática, Idalberto Chiavenato, 2014. O Livro dos Negócios, diversos autores, 2014. Incentivo. A Ideia é Boa e Agora? Scott Belsky, 2011. Pense como um Freak, Steven Levitt e Stephen Dubner, 2014. Teoria Geral da Administração, Antonio Maximiniano, 2012

Plano de Ação e a Teoria do Incentivo – Parte 1

Plano de Ação – Revertendo cenários inesperados

Resultados abaixo do esperado, mudança nas regras dos negócios, inovações tecnológicas, falta de crédito no mercado, novos concorrentes, esses são apenas alguns dos muitos exemplos que temos para que alertas sejam acionados por toda a empresa.

A partir daí, se faz necessário um esforço extra para reversão de cenários com perspectivas ruins ou, ainda, para aproveitar novas oportunidades. Essa investida emergencial é conhecida como Plano de Ação.

Antes de começar, precisamos entender um ponto crucial: o ideal é que planos emergenciais não sejam necessários.

Segundo Idalberto Chiavenato, o planejamento da ação empresarial trata-se de “um modelo teórico para ação futura“, ou seja, o planejamento evitaria uma conduta reativa das empresas – que agem apenas quando os problemas surgem – e resultaria em um comportamento pró ativo que antecipa as barreiras e eventuais desvios.

O professor americano Randy Pausch alerta que “as empresas têm que se preparar para mudanças drásticas nos mercados ou no ambiente para garantir que os negócios continuem, mesmo quando tudo dá errado“.

Para ganharmos eficiência, precisamos estar preparados para vários futuros alternativos, tendo um Plano de Contingência para cada um desses caminhos. O Plano de Ação surge quando não conseguimos prever alguma mudança ou barreira.

Diagnóstico e Estratégia

Chega, então, a hora de agir! Precisamos criar um plano de curto prazo, desbravando um ambiente que não esperávamos e cujo resultado causará grande impacto na organização.

A primeira coisa a se ter em mente é que devemos atacar a causa, não os sintomas, mas isso não é tão fácil quanto parece. Os autores de Freakonomics, Steven Levitt e Stephen Dubner, fazem esse alerta:

…a maioria de nós, quando tenta equacionar um problema, acaba se voltando para a causa mais próxima e óbvia. Se o seu filho de três anos estiver choramingando e o mais velho, de cinco, estiver de pé ao lado com um sorriso diabólico e um martelo na mão, você estará bem perto da verdade se concluir que o martelo teve alguma coisa a ver com a choradeira.

Mas os grandes problemas enfrentados pela sociedade são mais complicados. Suas causas fundamentais muitas vezes não são tão próximas, óbvias ou palatáveis. Assim, em vez de atacar as causas essenciais, muitas vezes gastamos fortunas cuidando dos sintomas, para depois reclamar da persistência do problema”.

Ter um método para identificar as causas de um problema vai lhe dar mais agilidade para elaborar seu plano, no post Método Analítico Científico temos uma sugestão.

Para criação das estratégias, você precisa entender as características do seu negócio e definir metas transparentes, a participação das pessoas-chave nas operações de diagnóstico e elaboração desse plano costuma ser uma estratégia acertada.

Ação

Conhecendo o problema e os objetivos, é hora de determinar quais serão os próximos passos do plano. Eu sempre utilizo os “To Dos” (aquelas caixinhas em branco esperando para serem “ticadas” são um incentivo irresistível à minha produtividade).

Esses Itens de Ação têm dois grandes objetivos: o primeiro é o direcionamento, saber o que, quando, com quem e aonde concluir cada etapa e a outra é dividir um “problemão” em diversos “probleminhas“.

A produtividade e motivação dos envolvidos é aumentada quando vemos que as etapas estão sendo superadas e o próximo item da lista é absolutamente exequível.

Os Itens de Ação são os componentes mais importantes de projetos – o oxigênio para mantê-los vivos. Sem itens de ação, não há ação nem resultado. O que acontecerá com qualquer ideia depende dos itens de ação que são capturados e depois completados por você ou delegados a outra pessoa. Itens de Ação são referenciados e tratados como sagrados em qualquer projeto

Scott Belsky

Lembre-se que um plano escrito vale menos que a tinta e o papel utilizados, se não for colocado em prática. A capacidade de execução é a peça fundamental para o sucesso de qualquer estratégia e depende muito mais da Ação do que do Plano.

Eficiência

Estamos falando de um plano emergencial, portanto, a agilidade e o realismo são fatores críticos para o sucesso dessa empreitada. A simplificação de todo o processo é essencial para seu êxito, elimine tudo o que for desnecessário, inclusive metas exageradas

Nesse ponto, é importante que todos sejam realistas e não criem objetivos inflados pelo otimismo, ego ou falta de visão. Mantenha o foco na causa raiz de seu problema e evite qualquer desvio.

Incentivo

Uma das etapas críticas do plano é entender quais Incentivos farão sua equipe dedicar esforços extras para que seu Plano de Ação tenha sucesso. Devido a complexidade do tema, essa etapa terá um post exclusivo na próxima semana.

Gestão

Você vai precisar medir e monitorar a execução de seu plano, entender o detalhe em todos os níveis. A criação de trigger points pode lhe ajudar nessa tarefa, trata-se de programar o início de algumas ações para quando alguma métrica chegar ao número determinado.

Pode ser o início de um Plano de Contingência, a redução da produção, a divulgação dos resultados ou até a reinicialização de todo o processo de planejamento.

O importante é criar ferramentas para garantir a gestão de performance e execução. Assim, você consegue aumentar o potencial de entrega por meio de ajustes de processos e re-orientação da equipe.

Para finalizar

Resumindo, para que seu Plano de Ação seja efetivo em resolver um problema que não pôde ser previsto:

  • Ataque a causa, não os sintomas.
  • Determine responsabilidades, prazos e metas.
  • Garanta a execução de todas as etapas do plano.
  • Elimine tudo que for desnecessário.
  • Recompense as boas performances.
  • Monitore toda a ação.
  • Faça os ajustes necessários.

 

Referências: Administração – Teoria, Processo e Prática, Idalberto Chiavenato, 2014. O Livro dos Negócios, diversos autores, 2014. A Ideia é Boa e Agora? Scott Belsky, 2011. Pense como um Freak, Steven Levitt e Stephen Dubner, 2014. Teoria Geral da Administração, Antonio Maximiniano, 2012. Execução, Larry Bossidy e Ram Charam, 2002

Transforme-se em quem você é

Eu ideal X Eu verdadeiro

Há muito tempo, quando ainda tentava encontrar uma resposta para aquela insistente pergunta dos mais velhos: “O que você quer ser quando crescer?”, me deparei com uma outra inquietação: Eu não fazia ideia de quem eu queria ser quando crescer.

Afinal, o que eu queria ser, remetia apenas a uma profissão e existiam muitas opções disponíveis daquele ponto de vista, desde paleontólogo e astronauta a jogador de futebol e rockstar.

O que me fez refletir por muito tempo foi, portanto, o tipo de pessoa que eu seria, independente da minha profissão – na minha sabedoria infantil, sabia que isso era muito mais importante.

Sempre fui estimulado a ser bem sucedido pela família, amigos, professores e principalmente por filmes e seriados. Esse benchmarking midiático me fez criar um modelo mental do homem de sucesso: terno e gravata, pragmático, racional, sério, sempre com soluções eficazes, admirado e reverenciado pelo colegas.

Para ser esse profissional, eu precisaria estudar muito, afinal, deveria ter respostas para todas as perguntas. Ser sério não seria um problema, no geral, nunca fui muito extrovertido e isso me ajudaria. Mas, ainda assim, sempre tive meu lado brincalhão e sonhador, pensava em mudar o mundo e ajudar as pessoas, características que iam contra o meu modelo de sucesso.

Esse conflito sempre esteve presente, um pirralho querendo ser sério não era das coisas mais simples. Em certa fase da minha vida, pensei ter encontrado minha resposta. Cheguei à conclusão que eu não precisaria escolher entre ser sério ou brincalhão, eu poderia, simplesmente, ser os dois, ia depender da ocasião.

Isso me fez muito bem, pude cultivar amizades e conseguir bons avanços em meu início de carreira, mas ainda faltava algo. A alternância de um comportamento tido como ideal não tratava-se apenas de máscaras e, apesar de ser algo simples que nunca me tirou o sono, continuei com essa inquietação por um bom tempo.

Encontrei algumas respostas por acidente nos livros. Grandes pensadores já refletiram sobre esse tema. Sócrates, por exemplo, dizia que “A vida irrefletida não vale a pena ser vivida“.

Segundo o filósofo, para termos uma vida plena, precisamos saber a diferença entre o “bem” e o “mal”. Mas, como esses conceitos não são absolutos, só conseguimos diferenciá-los através de questionamento e raciocínio.

Ou seja, moralidade e conhecimento estão ligados e, portanto, a reflexão é indispensável à vida.

Então, o fato de ter tido minhas inquietações não foi algo necessariamente ruim, pelo contrário, me proporcionou autoconhecimento e condições de buscar uma vida cada vez melhor e continuar a minha busca por uma resposta.

E ela veio de outro filósofo, o autor da frase que empresta o título desse post. Nietzsche dizia que “o homem é algo a ser superado”, ele afirma que para vivermos a vida da melhor forma possível, teríamos que nos livrar de alguns valores que nos são ensinados.

Assim, algumas coisas que consideramos “boas” são, na verdade, grandes limitadores. Abaixo, segue um trecho do The Philosophy Book, da editora Dorling Kindersley:

“Podemos pensar que não é bom bancar o tolo em público e, assim, resistir ao impulso de dançar alegremente na rua. Podemos acreditar que desejos da carne são pecaminosos e, então, punirmo-nos quando eles se manifestam. Podemos ficar em empregos tediosos, não porque precisamos, mas porque julgamos nosso dever aturá-los.

Nietzsche quer pôr fim a tais filosofias que negam a vida, de modo que a humanidade possa se ver de maneira diferente”.

A “Tirania dos Deveres”, da psicanalista alemã Karen Horney, diz algo muito parecido. Afirma que muitas vezes não agimos com bases em nossas próprias crenças, mas sim, aquelas herdadas sob a forma de “deveres” sociais, como por exemplo “eu devo obter reconhecimento e poder” ou “eu devo ser magro“.

Trata-se de um conflito entre o “eu ideal” e o “eu verdadeiro”. O grande problema, segundo ela, é que acreditamos que podemos controlar a realidade externa quando obedecemos esses deveres, mas, na verdade, eles nos induzem à “infelicidade”.

A resposta que mais fez sentido para mim foi, portanto, que não deveria tentar repetir um modelo daquilo que julgava ideal. Devemos superar os “deveres” que nos são impostos e nos transformar em quem realmente somos. Dessa forma, teremos maiores condições de ficarmos satisfeitos no futuro, quando refletirmos sobre nossas escolhas.

Nossos primeiros pensamentos e reflexões, talvez não fossem simplesmente infantis, mas ideias livres dos limitadores que adquirimos na vida adulta e, como nos ensina o livro do Pequeno Príncipe, não devemos esquecer o que queríamos quando crianças.

Então, se a ideia é mudar o mundo para melhor, que seja!

 

Referências: O Livro da FIlosofia, diversos autores 2011. O Livro da Psicologia, diversos autores, 2012. O Pequeno Principe, Antoine de Saint-Exupéry, 1943. Assim Falou Zaratustra, Friedrich Nietzsche, 1883.

MAC – Método Analítico Científico

Conhecendo a verdade através dos números

Durante as pesquisas que realizei para escrever o post Ciência da Inovação, compreendi que, para encontrarmos soluções, precisamos utilizar métodos que norteiem nossa busca.

A indagação sempre fez parte das discussões estratégicas dos negócios, perguntas como “Por que as vendas caem?”, “Qual é o nosso público alvo?” ou “Que produto lançar?” são apenas alguns exemplos. Existem muitas ferramentas e processos que nos auxiliam a encontrar essas respostas, mas a maioria exige conhecimentos matemáticos e estatísticos que, dependendo do ramo, dificilmente estão disponíveis nas empresas.

Devido à essa carência de know-how e as grandes vantagens competitivas que uma correta interpretação de dados pode trazer, decidi compilar os conceitos científicos que tenho aprendido com a construção desse blog e criar um método de análise que possa ser usado por todos, dos mais leigos aos mais capacitados analistas. Vamos chamá-lo de Método Analítico Científico ou MAC.

Premissas:

Antes de iniciar as análises, precisamos garantir a presença de alguns conceitos:

  • Admita a ignorância – Mais uma vez esse tema vem à tona, mas não poderia deixar passar. Antes de iniciar qualquer análise, admita que sua opinião só terá validade de for comprovada, pois sua argumentação, por si só, não tem valor algum.
  • Busque o simples – Sempre que observarmos mais de uma solução possível, escolha a mais simples. Não quebre essa regra para tentar sofisticar seus projetos.
  • Compreenda a utilidade –  Apesar da nossa curiosidade, análises feitas apenas para responder perguntas, infelizmente, não são muito bem vindas. O resultado de seu estudo deve ter uma aplicação prática ou nada disso faria sentido.
  • Permita que seja testada – Toda conclusão que chegarmos, através desse ou de qualquer outro método, não é uma verdade universal e sim uma teoria falseável, que deve, necessariamente, proporcionar a chance de ser testada por outros analistas.

O método:

O MAC possui 5 etapas bastante simples que irão manter suas análises no trilho, afinal, como vimos no post Escolhas e Decisões, precisamos conhecer as fronteiras de um projeto para aumentarmos sua eficiência. Cada etapa, no entanto, abre inúmeras possibilidades, em que a criatividade, o conhecimento, adaptação e raciocínio se farão necessários para enxergarmos o que ninguém vê. As etapas são:

  1. Identificar o problema
  2. Definir Hipóteses
  3. Minerar dados
  4. Testar evidências
  5. Apresentar Solução

A partir daqui, iremos detalhar um pouco mais o método e teremos a breve descrição de algumas ferramentas de análise em todas as etapas.

1. Identificar o Problema

Os problemas nem sempre são o que parecem, na maioria das vezes estão abaixo de muitas camadas de preconceitos, incentivos, paradigmas, distrações e “mimimis“. O primeiro passo visa eliminar essa “sujeira”, existem muitas maneiras de fazer isso, por exemplo:

  • Brainstorming: Essa prática é bastante conhecida, consiste em juntar um grupo de pessoas e estimulá-lo a expor todos os insights que vierem à cabeça sobre algum assunto, dessa forma, conseguimos esmiuçar as características do problema e encontrar sua causa.
  • Diagramas: Muito utilizado em consultorias, a ideia aqui é encontrar conexões entre as variáveis do problema, até que se descubra um princípio.
  • Método Socrático: Identificar contradições na definição de um problema, por meio de perguntas simples (e muitas vezes ingênuas), até que se conheça a sua origem. Podemos, por exemplo, perguntar o porquê do problema acontecer, até que a única resposta possível seja: “porque sim!”.

Observe que essas ferramentas são muito simples e práticas – o Método Socrático, por exemplo, pode ser um exercício mental e individual – existem outras ferramentas, muitas delas mais sofisticadas, quanto mais você conhecer, melhor. O importante é identificar o problema real, pois a falta de dedicação, nesse caso, significa maior risco de ataque ao alvo errado.

2. Definir Hipóteses

Nessa etapa, selecionamos as hipóteses mais promissoras para solucionar nosso problema. As soluções propostas devem partir de pessoas que compreendam o problema e tenham interesse legítimo com a verdade, a criatividade nesse momento também é um grande diferencial. Algumas ferramentas que você pode utilizar:

  • BenchmarkingNada se cria, tudo se copia. A frase já é um chavão no mundo dos negócios e pode servir muito bem nessa etapa, estudar a solução de problemas diferentes pode ajudar a gerar ideias por associação, mantenha-se atento para captar insights a qualquer momento.
  • Post-its – A regra desse processo é escrever toda ideia em um post-it, por mais absurda que pareça, e colar em uma parede ou mural. Feito isso, as ideias são filtradas até chegarmos a apenas algumas hipóteses.
  • Índices – Para selecionar as melhores hipóteses, você pode definir um valor (nota) para cada aspecto que julgar mais importante, atribuir esses valores a cada uma das soluções propostas e convertê-las em números. Assim, podemos selecioná-las através de comparações e rankings.

É importante que as hipóteses não contenham elementos arbitrários ou dependentes de interpretação, além disso, é essencial lembrarmos de algumas das nossas premissas: simples, útil e falseável.

3. Minerar dados

Chegamos a um momento bastante desafiador do nosso método, afinal, não é sempre que temos dados suficientes e relevantes ao problema, aqui você deve aprender a se adaptar a cada situação e ter uma visão bastante holística para encontrar oportunidades. Em ocasiões mais favoráveis, podemos contar com dados mais robustos como, por exemplo, o Big Data (o que não significa muita coisa se não soubermos aproveitá-lo). Seguem alguns exemplos de mineração de dados:

  • Blueprint – Com essa ferramenta podemos mapear todas as etapas de um processo em análise. Conseguimos segregar todo esse processo em diversos momentos, fazer algumas marcações, como o tempo e urgência de cada um, e ainda identificar prioridades, gargalos e oportunidades.
  • Questionários – Transformar a opinião de alguns stakeholders em números é absolutamente exequível, quando utilizamos os questionários. Sua utilidade é inquestionável.
  • Dados disponíveis – Não podemos nos esquecer dos dados que são disponibilizados por agências de pesquisas e estatísticas. Algumas informações, como situação macro e micro econômica, desempenho de vendas de determinado setor e dados demográficos são facilmente encontrados em fontes bastante respeitadas e devem ser explorados.

O mais importante nesse momento é levantarmos a maior quantidade de informação possível. Quanto maior o volume de dados, mais assertiva será a solução.

4. Testar evidências

Chegou a hora de colocar a cabeça para funcionar. Com os dados gerados na etapa anterior, precisamos encontrar evidências que confirmem ou eliminem nossas hipóteses, essa tarefa é feita por meio da análise dos dados que agora estão disponíveis. Aqui, o raciocínio lógico será bastante importante, uma visão freaknomics muitas vezes pode lhe dar as respostas que procura. Exemplos:

  • Correlação – Analisa quanto o comportamento histórico de uma variável influencia em outra. Uma correlação forte pode ser a evidência que buscamos, mas tenha em mente que correlação é diferente de causalidade.
  • Padrão – Encontrar um padrão de comportamento na volatilidade dos números é uma espécie de bilhete premiado. Muita atenção e prática podem lhe ajudar a ter um olhar mais clínico.
  • Tendência – Traçar retas de tendência é um prática bastante comum, porém, podemos ir além, utilizando a análise técnica para traçar retas de suporte e resistência.

Toda hipótese sem evidência deve ser sumariamente eliminada. Algumas vezes, podemos teimar em algum ponto que não pôde ser validado, essa prática é mais comum do que se imagina e deve ser combatida, é muito mais útil voltar ao início do que insistir em algo que não se sustenta.

5. Apresentar solução

Se mantivermos as premissas e seguirmos todos os passos, chegaremos aqui com um bom material. Agora precisamos apresentá-lo, essa é uma das maiores dificuldades de grandes analistas, pois iremos “vender” nossa solução. Utilizaremos os dados e evidências como argumentação e o formato vai depender do seu alvo, tente descobrir se ele é, por exemplo, mais visual, analítico ou sinestésico e adapte sua apresentação. A simplicidade aqui é muito valorizada, utilize o conceito de Lógica Simbólica para encontrar o verdadeiro significado de sua proposta. Seguem alguns exemplos de como apresentá-la:

  • Gráficos – Apresentar suas evidências em tabelas que só você entende não é algo muito vantajoso. A apresentação por meio de gráficos pode resumir uma grande quantidade de dados e tornar sua proposta mais amigável.
  • Elavator Pitch – Muitas vezes, a oportunidade que você terá para apresentar sua solução surge nos momentos mais inesperados. Elaborar um raciocínio bastante sucinto e assertivo pode ser o fator determinante para que seu projeto seja aceito, em uma breve conversa.
  • One Page – Material muito útil quando não há oportunidade de apresentação pessoal, consiste em explicar sua solução e evidências por gráficos, textos e imagens, tudo isso em apenas uma página.

Transformar uma grande quantidade de números em uma solução atrativa não é tarefa fácil, mas com preparação e dedicação é possível fazer um material digno de aplausos, e não queremos nada menor que isso, não é mesmo?

Essa proposta de Modelo Analítico visa atender uma demanda muito forte por análise de dados e, mesmo que esse não seja o seu assunto favorito, vale a pena conhecer tais conceitos para acompanhar esse fenômeno. A verdade é que não existem mais mercados que não sejam balizados pelos números. Além disso, a tecnologia permite que as informações estejam mais disponíveis do que nunca, aquele que conseguir enxergar oportunidade, onde os demais enxergam apenas números aleatórios, terão grande vantagem competitiva.

Autoeducação – Um exemplo freak

Um exemplo inusitado de superação

No post Autoeducação, discutimos a importância de criar estratégias de desenvolvimento pessoal para superar todo e qualquer obstáculo que apareça pelo caminho, hoje, falaremos sobre a aplicação prática desse conceito.

O livro Pense Como Um Freak, dos autores do aclamado Freakonomics, Steven D. Levit e Stephen J. Dubner, traz um ótimo exemplo sobre autoeducação que, para dizer o mínimo, foge do nosso senso comum.

O protagonista dessa história é Takeru Kobayashi e começa em seus primeiros anos de faculdade de economia em uma pequena província japonesa. Kobi (como era conhecido) e sua namorada Kumi estavam passando por dificuldades financeiras em 2000, não conseguiam pagar sequer a energia elétrica de sua residência.

Apesar de seu aspecto frágil, Kobi sempre foi muito conhecido por sua determinação e seu enorme apetite. Isso mesmo, ele era bastante faminto, um “comilão” como descrevia sua namorada. Por isso, Kumi viu uma grande oportunidade ao inscrevê-lo em uma competição, para ver quem comia mais em um programa de televisão. Apesar da relutância inicial, a necessidade financeira falou mais alto e ele acabou aceitando o desafio.

Kobi sabia de sua limitações, era magro, com cerca de 1,70m de altura, parecia um adversário fácil de ser batido, ao analisar seus concorrentes. O que lhe restava era a estratégia. Estudou os competidores de programas anteriores e percebeu que a maioria dos concorrentes se esforçava tanto nas primeiras etapas, que acabava diminuindo o ritmo na etapas finais. Sua estratégia, então, foi inverter o ritmo, começando com esforço suficiente para passar para próximas etapas, com máximo desempenho na grande final. Deu certo! Kobi venceu o concurso e levou para casa 5 mil dólares, que, além de ajudar com a conta de luz, despertou a curiosidade por mais concursos como esse.

Pouco tempo depois, já estava em Nova York para disputar um campeonato em Coney Island, que é acompanhado por mais de 1 milhão de pessoas pela ESPN (pois é!). O desafio dessa vez era comer quantos hot dogs fossem possíveis em 12 minutos. O recorde eram inacreditáveis 25 cachorros-quentes…

Kobi comeu 50!

E não parou por aí, foi a primeira pessoa a vencer 6 edições seguidas do concurso e acabou se transformando em uma estrela internacional, com muitos contratos de publicidade que fizeram sua vida financeira ficar muito confortável.

A grande questão aqui é tentar entender como Kobi conseguiu tamanho destaque. Seus rivais chegaram a acusá-lo de diversas fraudes, desde implante de um segundo esôfago ou estômago até o uso de um relaxante muscular que evitasse o refluxo, mas nada disso parece, sequer, plausível.

Levit e Dubner foram atrás dessa resposta e o próprio Kobayashi lhes contou sua versão:

  • Primeiro, teve um longo período de treinamento antes do primeiro concurso, foram longos meses de isolamento, experimentação e feedback.
  • Percebeu que a forma como seus concorrentes comiam seus hot dogs era apenas uma versão exagerada de uma refeição comum, então ele criou um novo método, que envolvia segregação do cachorro-quente, comia por partes, de maneira bem coordenada e ágil, o que facilitava a mastigação e lhe dava mais tempo.
  • Questionou também o fato de outros participantes beberem muita água durante a competição. Kobi, após testar diversos métodos, percebeu que molhar o pão antes de levá-lo à boca, lhe dava menos sede.
  • Testou qual era a melhor temperatura da água e concluiu que a água morna relaxava os músculos da mastigação.
  • Filmou seus treinamentos para encontrar oportunidades de ganhar alguns segundos com o aprimoramento de seus movimentos.
  • Percebeu que era de suma importância dormir muito e levantar pesos – músculos fortes ajudavam a comer e a evitar o refluxo.
  • Descobriu ainda, que a comida se acomodaria melhor em seu estômago se pulasse e se sacudisse durante o processo – o movimento acabou sendo conhecido como Balanço Kobayashi.

Fica claro que sua preparação diligente foi o grande diferencial. Percebe-se, também, que foram utilizados conceitos importantes de inovação, que podem nos ajudar com nossos próprios projetos, como a observação de usuários, experimentação, aprimoramento de ideias e validação de hipóteses.

E apesar de ser uma história bastante distante de nossa realidade, a autoeducação de Kobi deve servir de exemplo para qualquer aspecto de nossas vidas. Conhecer nossas limitações e motivações, definir estratégias e ter uma dedicação superior, nos dá condições de vencer qualquer competição, seja a do mercado de trabalho, do esporte, das artes ou a do maior comilão mesmo.

Referências: Pense Como Um Freak, Steven D. Levit e Stephen J. Dubner, 2014.

Reflexões sobre carreira

Alguns insights sobre carreira

Desde os primeiros dias em que havia decidido escrever o blog, comecei a prestar muita atenção em tudo o que diz respeito ao sucesso e, como já comentado em outro post, existem muitas maneiras de obtê-lo. Uma delas é a construção de carreira, um dos caminhos mais abordados por aqui. Nesse tempo, conheci novos insights sobre o tema, seja lendo, experimentando ou apenas observando. Esse post é um compilado dessas reflexões que considero mais importantes:

Propósito – Evoluir na carreira por si só não lhe trará muita satisfação, no final, sobrará a sensação de que você deveria ter aproveitado mais a vida, por isso, suas escolhas devem ter um propósito, uma razão de existirem. Dizem que a vida é curta demais para não ser vivida, mas uma vida com propósito é suficiente.

Objetivos – Percebo que muitas pessoas não sabem aonde querem chegar. A falta de objetivos bem definidos pode ser muito prejudicial, mas é muito mais comum do que se imagina. O problema é que a angústia causada pela liberdade de escolha nos paralisa. A solução é traçar pequenas metas ao longo do caminho, afinal, saber para onde ir é o que te faz levantar e caminhar.

Responsabilidade – Pode parecer clichê, mas, além de você, não existe mais ninguém responsável por sua carreira. A administração dela é exclusivamente sua, não fuja dessa responsabilidade.

Adaptação – Não tem jeito, as coisas vão mudar. A você, cabe se adaptar, aliás, a resiliência é uma das qualidades mais atraentes hoje em dia. Quando estiver sentindo aquele frio na barriga por causa de mudanças que estão por vir, entenda que é uma nova oportunidade para você aprender a lidar com elas, não lute contra a maré, surfe nas ondas.

Competência – Achar que você possui qualidades formidáveis não significa nada, os resultados precisam aparecer, principalmente em momentos de crise, quando ser bom no que faz sequer garante seu emprego. Busque sempre as melhores entregas e supere as expectativas,  essa é a sua melhor oportunidade.

Aproveite o momento – No ensino fundamental, somos incentivados a estudar para chegarmos ao ensino médio mais preparados. Quando chegamos lá, o foco passa a ser a preparação para a faculdade, depois para o estágio, depois o emprego, depois a promoção… A gestão de carreira é muito importante, mas precisamos experimentá-la em todas as suas etapas, aprender com cada passo, planejar o futuro e viver o presente.

Resultados – Existe uma grande tendência a buscar estratégias ou formas de atuação que enalteçam o indivíduo, esse foco em autopromoção deixa as pessoas lentas. Procure as soluções mais práticas e eficientes, não as que você acha que lhe trarão maior visibilidade.

Ego  – Grandes expectativas de sucesso acompanham de perto as novas gerações, a estabilidade econômica fez com que o potencial dos jovens fosse exacerbado e seus egos inflados. Para eles, as promoções aconteceriam com frequência, seriam diretores nos primeiros anos, ou melhor, construiriam sua própria empresa muito cedo. Claro que isso não acontece com a maioria das pessoas e acaba sendo a causa de muito sofrimento. Sidarta Gautama dizia que o sofrimento é algo inerente ao ser humano e sofremos por nossos desejos frustrados, afinal, nos consideramos merecedores daquilo que desejamos. O desapego faz com que você supere esses anseios e, portanto, “feliz é aquele que superou seu ego“. Busque o melhor, mas esteja preparado para o pior.

Ética – Muitas pessoas ainda acham que atalhos ilícitos são caminhos viáveis para o sucesso. O tão cobrado foco em resultados das empresas colabora com essa mentalidade, afinal, para focar uma coisa, é preciso “desfocar” muitas outras, como as regras, por exemplo. O resultado não pode ser construído a qualquer custo, um dia a conta vai chegar. Então, independente das pressões que esteja sofrendo, só faça aquilo que você se sinta confortável em contar para os outros depois.

Humildade – Quanto mais sobe na carreira, mais você sente a necessidade de ser infalível, o que cria um comportamento arrogante e impede a absorção de novos conhecimentos. Entenda que você é um aprendiz, seja lá a posição que estiver, e ainda há muito o que aprender, incorpore isso em todos os aspectos de sua vida.

ComunidadeCrie um exército a seu favor, colabore com o sucesso das pessoas, oriente quando puder, seja prestativo, gentil e educado. É esse o tipo de profissional que todos respeitam e gostam de fazer negócios. Você precisa se conectar, vivemos na economia da reputação, cuide bem da sua.

Trabalho – Talvez esse seja um dos principais insights. Se você quer sucesso, tem que gostar de trabalhar, ponto final. Ninguém obtém êxito (ou pelo menos não se mantém no topo), se não trabalhar muito. Chega de mimimi e mãos à obra.

Equilíbrio

O lado bom do lado ruim… e vice versa

A busca por uma vida balanceada faz parte dos objetivos de muitas pessoas. Uma “mente equilibrada” teria poderes de livrar os indivíduos de frustrações e angústias cotidianas, proporcionando maior serenidade e, portanto, uma vida mais plena e feliz.

Existe, porém, uma incoerência nessas afirmações. A ausência de problemas tiraria o peso de um dos lados da balança, desestabilizando qualquer conceito de equilíbrio, que, segundo a física newtoniana, alcança-se pela contraposição de uma força à outra, oposta e de igual intensidade. Ouso dizer, então, que as adversidades da vida são tão importantes quanto as conquistas, na mesma medida e intensidade.

Esse conceito não é novo, Aristóteles fazia tais reflexões há mais de 300 anos a.C. Seu argumento era que a vida virtuosa, ou simplesmente, aquela que deve ser vivida, atinge seu ápice através do equilíbrio. Segundo ele, tanto a excesso quanto o escassez de exercícios físicos, por exemplo, torna o homem mais fraco, assim, apenas o ponto central valeria a pena. O mesmo acontece com a coragem, que é o ponto de equilíbrio entre aquele que é tímido e o temerário ou com a moderação, que está entre o intemperante e o insensível:

A virtude é, portanto, uma ordenação de intenções, que consiste na medição em relação a nós mesmos, definida pela razão e estabelecida como faria o homem sábio. É uma medição entre dois vícios; um por excesso, e outro por escassez. E como alguns vícios são por escassez e outros são por excesso do que é devido, seja nas paixões, seja nas ações, a virtude encontra e escolhe o justo meio”.

Aristóteles

O tema também é objeto de estudo de grandes psicólogos, Sigmund Freud e Melanie Klein consideram que nossa mentes vivem constantemente em um conflito de forças opostas, uma luta entre o que consideramos o bem e o mal. Em uma mente equilibrada, verificaríamos uma alternância de vencedores, então, poderíamos ter, por exemplo, comportamentos mais agressivos em alguns momentos e mais passivos em outros. Mas, uma atitude nunca se sobreporia à outra.

Freud dizia que as mais poderosas das forças, ou pulsões como gostava de chamar, são as da vida e da morte. Elas representariam as extremidades de um grande campo de batalha, onde todos os demais sentimentos são forçados a competir continuamente com forças igualmente poderosas. Do resultado desses combates, derivam nossos sentimentos e atitudes. E é dentro desse campo que, segundo Klein, deveríamos aprender a tolerar e administrar esses conflitos se quisermos viver bem.

Essa noção de que precisamos tanto de coisas boas quanto de coisas ruins – e na mesma proporção – para termos uma vida balanceada, faz com que estejamos mais preparados para as adversidades, afinal, elas seriam essenciais à uma vida plena. Aprender a tolerar e conviver com esses sentimentos negativos causados por problemas externos, torna o indivíduo mais forte e é nisso que devemos nos apegar quando estamos por baixo.

A busca por uma vida ausente de derrotas, aflições ou frustrações torna-se, portanto, uma visão utópica, mas, da mesma forma, uma vida cercada de problemas pode ser apenas um desequilíbrio de forças que te faça agir ou sentir de forma negativa, o que nos dá mais esperança de virar o jogo.

A necessidade de equilíbrio também é evidente na vida em comunidade. Uma das maiores referências acadêmicas em administração, Antonio Maximiano, cita a Teoria da Equidade, em seu livro Teoria Geral da Adminitração. Seu ponto central é a crença de que as recompensas devem ser proporcionais ao esforço e iguais para todos. Sua premissa é que as pessoas sempre fazem comparações entre seus esforços e recompensas com os dos outros. A desarmonia, entre a expectativa e realidade causada pela comparação com a recompensa alheia, pode gerar dissonância cognitiva e, consequentemente, grandes prejuízos no desempenho e moral do indivíduo.

O que essas reflexões nos ensinam é que os sentimentos, bons ou ruins, estão dentro de nossas mentes, competindo por maior atenção. Sua postura em relação a eles, seus filtros, as comparações e a capacidade de absorver feedbacks externos têm grande poder de favorecer os vencedores dessa disputa. Basta você conhece-los e escolher um lado.

Referências: Teoria Geral da Administração, Antonio Cesar Amaru Maximiano, 2012. O Livro da Psicologia, diversos autores, 2012. Antologia Ilustrada da Filosofia, Ubaldo Nicola, 2010.

As ferramentas e insights de um executivo em busca do sucesso.