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Insights essenciais sobre produtividade, adquiridos por meio da experiência do dia a dia e relacionados com as teorias mais modernas sobre o tema. Confira!

Plano de Ação e a Teoria do Incentivo – Parte 1

Plano de Ação – Revertendo cenários inesperados

Resultados abaixo do esperado, mudança nas regras dos negócios, inovações tecnológicas, falta de crédito no mercado, novos concorrentes, esses são apenas alguns dos muitos exemplos que temos para que alertas sejam acionados por toda a empresa.

A partir daí, se faz necessário um esforço extra para reversão de cenários com perspectivas ruins ou, ainda, para aproveitar novas oportunidades. Essa investida emergencial é conhecida como Plano de Ação.

Antes de começar, precisamos entender um ponto crucial: o ideal é que planos emergenciais não sejam necessários.

Segundo Idalberto Chiavenato, o planejamento da ação empresarial trata-se de “um modelo teórico para ação futura“, ou seja, o planejamento evitaria uma conduta reativa das empresas – que agem apenas quando os problemas surgem – e resultaria em um comportamento pró ativo que antecipa as barreiras e eventuais desvios.

O professor americano Randy Pausch alerta que “as empresas têm que se preparar para mudanças drásticas nos mercados ou no ambiente para garantir que os negócios continuem, mesmo quando tudo dá errado“.

Para ganharmos eficiência, precisamos estar preparados para vários futuros alternativos, tendo um Plano de Contingência para cada um desses caminhos. O Plano de Ação surge quando não conseguimos prever alguma mudança ou barreira.

Diagnóstico e Estratégia

Chega, então, a hora de agir! Precisamos criar um plano de curto prazo, desbravando um ambiente que não esperávamos e cujo resultado causará grande impacto na organização.

A primeira coisa a se ter em mente é que devemos atacar a causa, não os sintomas, mas isso não é tão fácil quanto parece. Os autores de Freakonomics, Steven Levitt e Stephen Dubner, fazem esse alerta:

…a maioria de nós, quando tenta equacionar um problema, acaba se voltando para a causa mais próxima e óbvia. Se o seu filho de três anos estiver choramingando e o mais velho, de cinco, estiver de pé ao lado com um sorriso diabólico e um martelo na mão, você estará bem perto da verdade se concluir que o martelo teve alguma coisa a ver com a choradeira.

Mas os grandes problemas enfrentados pela sociedade são mais complicados. Suas causas fundamentais muitas vezes não são tão próximas, óbvias ou palatáveis. Assim, em vez de atacar as causas essenciais, muitas vezes gastamos fortunas cuidando dos sintomas, para depois reclamar da persistência do problema”.

Ter um método para identificar as causas de um problema vai lhe dar mais agilidade para elaborar seu plano, no post Método Analítico Científico temos uma sugestão.

Para criação das estratégias, você precisa entender as características do seu negócio e definir metas transparentes, a participação das pessoas-chave nas operações de diagnóstico e elaboração desse plano costuma ser uma estratégia acertada.

Ação

Conhecendo o problema e os objetivos, é hora de determinar quais serão os próximos passos do plano. Eu sempre utilizo os “To Dos” (aquelas caixinhas em branco esperando para serem “ticadas” são um incentivo irresistível à minha produtividade).

Esses Itens de Ação têm dois grandes objetivos: o primeiro é o direcionamento, saber o que, quando, com quem e aonde concluir cada etapa e a outra é dividir um “problemão” em diversos “probleminhas“.

A produtividade e motivação dos envolvidos é aumentada quando vemos que as etapas estão sendo superadas e o próximo item da lista é absolutamente exequível.

Os Itens de Ação são os componentes mais importantes de projetos – o oxigênio para mantê-los vivos. Sem itens de ação, não há ação nem resultado. O que acontecerá com qualquer ideia depende dos itens de ação que são capturados e depois completados por você ou delegados a outra pessoa. Itens de Ação são referenciados e tratados como sagrados em qualquer projeto

Scott Belsky

Lembre-se que um plano escrito vale menos que a tinta e o papel utilizados, se não for colocado em prática. A capacidade de execução é a peça fundamental para o sucesso de qualquer estratégia e depende muito mais da Ação do que do Plano.

Eficiência

Estamos falando de um plano emergencial, portanto, a agilidade e o realismo são fatores críticos para o sucesso dessa empreitada. A simplificação de todo o processo é essencial para seu êxito, elimine tudo o que for desnecessário, inclusive metas exageradas

Nesse ponto, é importante que todos sejam realistas e não criem objetivos inflados pelo otimismo, ego ou falta de visão. Mantenha o foco na causa raiz de seu problema e evite qualquer desvio.

Incentivo

Uma das etapas críticas do plano é entender quais Incentivos farão sua equipe dedicar esforços extras para que seu Plano de Ação tenha sucesso. Devido a complexidade do tema, essa etapa terá um post exclusivo na próxima semana.

Gestão

Você vai precisar medir e monitorar a execução de seu plano, entender o detalhe em todos os níveis. A criação de trigger points pode lhe ajudar nessa tarefa, trata-se de programar o início de algumas ações para quando alguma métrica chegar ao número determinado.

Pode ser o início de um Plano de Contingência, a redução da produção, a divulgação dos resultados ou até a reinicialização de todo o processo de planejamento.

O importante é criar ferramentas para garantir a gestão de performance e execução. Assim, você consegue aumentar o potencial de entrega por meio de ajustes de processos e re-orientação da equipe.

Para finalizar

Resumindo, para que seu Plano de Ação seja efetivo em resolver um problema que não pôde ser previsto:

  • Ataque a causa, não os sintomas.
  • Determine responsabilidades, prazos e metas.
  • Garanta a execução de todas as etapas do plano.
  • Elimine tudo que for desnecessário.
  • Recompense as boas performances.
  • Monitore toda a ação.
  • Faça os ajustes necessários.

 

Referências: Administração – Teoria, Processo e Prática, Idalberto Chiavenato, 2014. O Livro dos Negócios, diversos autores, 2014. A Ideia é Boa e Agora? Scott Belsky, 2011. Pense como um Freak, Steven Levitt e Stephen Dubner, 2014. Teoria Geral da Administração, Antonio Maximiniano, 2012. Execução, Larry Bossidy e Ram Charam, 2002

Superficialidade

Existe um lado bom nas tendências atuais de superficialidade?

A grande disponibilidade de informações nos dias de hoje mudou a nossa maneira de obter conhecimento , criou um senso de urgência, principalmente nos mais jovens, que levam a praticidade muito a sério.

Essas mudanças ficam muito evidentes na literatura, antigamente, para um livro ser considerado bom, deveria ter muitas páginas. Se o autor não fosse capaz de escrever um vasto conteúdo sobre o tema, que prendesse nossa atenção por várias e várias semanas, não seria merecedor de ser referência sobre aquele assunto. Na universidade também tínhamos esse exemplo, a regra para um bom TCC era “falar muito sobre pouco“. Ou seja, escolher um tema simples, sem muitas variáveis e consolidar toda informação possível sobre ele. As pesquisas da escola significavam longas jornadas na biblioteca.

Essa profundidade funciona muito bem em algumas ocasiões, pesquisadores, por exemplo, não podem navegar na superfície de um tema, devem mergulhar e explorar todo conteúdo possível.

Mas, e nós? No cotidiano, estamos cada vez mais superficiais, buscando informações ágeis e resumidas. Surgem os TED Books, livros feitos para serem lidos de uma só vez, os trabalhos de conclusão de curso começam a apontar para prática, como a construção de projetos ou Business Plan, e o que é ainda mais impactante: a biblioteca inteira foi parar no seu bolso. A forma como consumimos informação muda a cada dia, estamos nos adaptando às tecnologias e a cenários competitivos, onde a agilidade tem seu valor aumentado.

Esses novos hábitos são constantemente atacados por entusiastas da especialidade, que alegam estarmos perdendo oportunidades de um conhecimento mais profundo das coisas. Isso pode ser um problema para alguns, dependendo de seus interesses, mas não podemos generalizar e considerar que é um comportamento a ser combatido. Se bem administrado, essa nova tendência tem seus benefícios.

Hermann Ebbinghaus, um influente pesquisador do século XIX, mostrou através de pesquisas, que “esquecemos dois terços do que aprendemos nas últimas 24 horas”, além disso, alegou que, em geral, ocorre uma perda rápida de recordação na primeira hora de estudo. Isso nos mostra que passar horas e horas estudando pode não ter efeitos muito mais “profundos” de conhecimento, já que a capacidade de memorização humana tem seus limites, não podemos saber muito de muito. Aproveitar o máximo da atenção do cérebro, apenas com o conteúdo mais relevante, pode ser uma grande vantagem para as informações disponíveis de formas didáticas e que vão direto ao ponto.

Um aspecto importante que já discutimos em outro post diz respeito ao psicólogo Serge Moscovici, que aborda como “senso comum” uma versão simplificada do conhecimento humano: “A tradução de conceitos intrincados para uma linguagem mais acessível e mais fácil de ser transmitida não é problemática, porque o objetivo não é desenvolver conhecimento, mas estar a par dele”. Seus estudos nos mostram que, de maneira geral, as pessoas adquirem apenas o conhecimento essencial, para serem capazes de construir um raciocínio e participar ativamente desse “circuito coletivo”. Nesse caso, a intenção é saber um pouco de tudo e não muito de pouco.

Meu argumento favorito para essa discussão é o desenvolvimento da capacidade cognitiva do ser humano ao longo dos anos. Existem fortes indícios de que o tamanho médio do cérebro do homo-sapiens diminuiu desde a era dos caçadores-coletores. Quem aborda essa teoria de forma brilhante é Yuval Noah Harari em seu livro Uma Breve História da Humanidade. Ele aponta que o ambiente daquela época exigiu que os homens tivessem habilidades mentais sofisticadas, como fazer mapas mentais de seu território, ter informações sobre o padrão de crescimento das plantas, conhecer hábitos de cada animal, os benefícios e malefícios dos alimentos, conhecer o progresso das estações do ano e seus efeitos, estudar cada aspecto do seu habitat, saber fabricar instrumentos, fazer roupas, preparar armadilhas, cuidar dos feridos, defender seu território e muitas outras capacidades que eram aprendidas ao longo de suas vidas.

Com o início da agricultura e indústria, cada indivíduo passou a ter sua função, se aprofundando e se especializando na sua profissão, enquanto outras pessoas faziam o restante do trabalho. “A coletividade humana conhece, hoje, muito mais do que bandos antigos. Mas, no nível individual, os antigos caçadores-coletores foram o povo mais conhecedor e habilidoso da história

Vejam que conhecer um pouco de muito pode trazer grandes vantagens para os indivíduos, tanto quanto a especialidade. O objetivo desse post não é defender a superficialidade, mas alertar que ela não é a grande vilã que tem sido considerada. Cada realidade demanda um comportamento diferente, não podemos rotular o certo ou o errado, apenas conhecer as possibilidades e buscar nosso melhor.

Referência: O Livro da Psicologia, Diversos autores, 2012. Uma Breve História da Humanidade, Yuval Noah Harari, 2012.

Desapego Criativo

Quatro motivos para acreditarmos que desaprender pode ser tão poderoso quanto aprender.

A importância do conhecimento sempre foi assunto presente em nossas vidas, afinal, é assim que adotamos referências para nossa criatividade, modelos para nossa tomada de decisão e conceitos para construção de nossos argumentos.

Eu, particularmente, sempre gostei muito de estudar e isso me proporcionou um bom estoque de informações que me ajudam em muitas ocasiões. Porém, houve uma lição que me fez enxergar como realmente deveria aproveitar o conhecimento adquirido: A arte de aprender depende, muitas vezes, da sua capacidade de desaprender, isto é, manter-se disponível para adquirir qualquer conhecimento como se ele fosse novo, desafiando conceitos enraizados e quebrando paradigmas.

Em um mundo que não para de mudar e onde a informação se torna cada vez mais abundante, a capacidade de desconstruir conceitos torna-se essencial, pois dessa forma:

  • Estará livre para renovar suas ideias e ideais. Para isso, você precisa primeiro admitir sua ignorância, ou seja, abdicar de qualquer conceito que tenha adquirido sobre algum tema. Se considerar que domina algum assunto, sua capacidade de absorver novos insights ficará extremamente limitada. Sócrates dizia que a presunção de saber é o maior obstáculo do conhecimento, você pode bloquear novas informações ao adotar uma postura dessas, daí se extrai a importância de saber que não se sabe.
  • Questionará melhorias para o mundo. Ao adotar uma postura questionadora, abrindo mão daquilo que lhes foi empurrado como verdade absoluta, os homens conseguiram revolucionar sociedades e organizações, livrando-as de exploradores. No século XIX, Henry Thoreau escreveu um ensaio chamado Desobediência Civil, em que propôs ao povo que era dever do indivíduo pensar, questionar e protestar contra as leis injustas dos governos, alegando que aceitar passivamente essas leis dava-lhes fundamento, foi o que pessoas como Mahatma Gandhi e Martin Luther King fizeram.
  • Estará atento às novas oportunidades. Manter padrões de comportamento, aprendidos com a própria experiência, pode nos fazer perder boas oportunidades. Tim Brown cita em seu livro, Design Thinking, o exemplo de Chuck House, um jovem trabalhador da HP que, por não ter apoio, fugiu das normas sociais e corporativas de sua época e desenvolveu em segredo um produto que, entre outras coisas, tornou possível a transmissão da chegada do homem à Lua. Após o grande sucesso comercial de seu experimento, Chuck House foi promovido a diretor de engenharia pelo próprio David Packard, que proibiu a interdição de qualquer pesquisa futura e ainda lhe concedeu uma “Medalha por Desacato”.
  • Enxergará. O excesso de confiança pode lhe cegar, Jim Collins propôs uma situação paradoxal em seu livro, Como as Gigantes Caem, alegando que o sucesso é o maior catalisador do fracasso, isso porque grandes executivos, após grandes acertos e muito conhecimento adquirido, acabam por ter uma postura arrogante perante novos desafios, dificultando a compreensão de eventuais problemas. Essa sensação de invencibilidade foi percebida pelos gregos, em 500 a.C., que a descreviam como “hubris” – uma forma de orgulho que perde contato com a realidade – e leva à “nêmesis” – uma punição fatal ou queda.

Adotar o Desapego Criativo não é das tarefas mais simples, muitas vezes percebi tardiamente que havia defendido alguns argumentos me baseando em conceitos adquiridos em situações completamente distintas, que poderiam servir como referência, mas nunca como base para minhas opiniões. Então, ao construir seus argumentos, faça como os cientistas, considere viáveis apenas teorias que podem ser contestadas.

A conclusão parece óbvia, somos eternos aprendizes, então, desaprenda e reaprenda, não existe ideia imortal ou conceito imutável. Quando estiver no caminho de seu sucesso, lembre-se do processo de caminhar, que consiste em perder e retomar o equilíbrio repetidas vezes.

Referências: Como as Gigantes Caem, Jim Collins, 2010. Design Thinking, Tim Brown, 2010. O Livro dos Negócios, Diversos Autores, 2013. O Livro da Economia, Diversos Autores, 2012. Antologia ilustrada de FIlosofia, Ubaldo Nicola, 2005

Escolhas e decisões

O poder da escolha e a importância do não.

Ao longo de nossas vidas, principalmente no avanço de nossas carreiras, somos seduzidos por muitas oportunidades de novos projetos. São ideias interessantes, como participação em startups, investimentos, trabalho voluntário, convites para projetos importantes na empresa e muitas outras oportunidades que aparentam ter um futuro promissor.

Mas a grande variedade de opções que a vida nos oferece pode fazer com que nos envolvamos em projetos demais ou ainda gerar uma atitude paralisante, quando acabamos não escolhendo nada, apenas para nos livrarmos dessa responsabilidade. É algo parecido àquele momento em que estamos tentando decidir qual filme assistir no Netflix e, com tantas opções, acabamos voltando para uma série que já conhecemos.

Um filósofo chamado Soren Kierkegaard abordou esse sentimento há muito tempo atrás, dizia que a liberdade de escolha nos causa angústia, por que “nossas mentes cambaleiam ante o pensamento da liberdade absoluta, entre a escolha de fazer nada ou fazer algo“. Um de seus exemplos históricos aborda um homem à beira do precipício, que além da vertigem, sente outro medo angustiante, criado pelo fato de que ele é livre para pular. Ele conclui sua teoria dizendo que “A angústia é a vertigem da liberdade“.

O que fazemos então para acabar com essa angústia e tomarmos decisões mais assertivas entre tantas oportunidades a que somos expostos?

Aprenda a dizer não!

Michael Porter dizia que a essência da estratégia é saber o que não fazer. Steve Jobs, quando voltou para a Apple, disse Não para diversos produtos, focando apenas naqueles que julgava mais importantes. Tim Brown afirma que seus Design Thinkers precisam de barreiras: “Para um artista em busca de beleza ou um cientista em busca da verdade, as fronteiras de um projeto podem soar como restrições indesejadas. Mas a marca de um designer é a disposição de aceitar as limitações. Sem restrições, o design não pode ser criado.”

Eu mesmo já tive a oportunidade de vivenciar o poder do não, estava envolvido em um projeto onde as ideias da equipe estavam surgindo muito rapidamente. Depois de tantas sugestões, percebemos que havíamos perdido o foco. Somente quando um dos envolvidos impôs limites, que conseguimos tornar a discussão mais objetiva. Em um cenário cuja a inovação é tão importante e presente em nossas vidas, a relevância de limitar opções se torna ainda mais necessária:

“Mentes criativas se tornam mais focadas e agem melhor quando o reino das oportunidades está restrito (…). Apesar de sua tendência natural para ter uma criatividade irrestrita, você deve reconhecer e aproveitar as restrições. E é, finalmente, sua responsabilidade procurar restrições quando elas não forem apresentadas”

Scott Belski

Conhecendo a importância do não, precisamos saber quando usá-lo. Para isso, Derek Sivers sugeriu um método muito simples e eficaz: Hell yeah! or no. Ele propõe que devemos dizer “Lógico que sim!”, para tudo aquilo que nos deixa eufóricos, energizados e com uma vontade enorme de fazer acontecer e, para todo o resto, dizer não.

Com tantas oportunidades, não podemos escolher algo que “talvez” seja bom ou aceitar um monte de propostas que nos arranquem apenas um tímido sim. São essas escolhas que determinam nosso destino e queremos que ele seja incrível, não é mesmo?

Referencias: Design Thinking, Tim Brown, 2010. O Livro da Filosofia, Diversos Autores, 2011. O Conceito da Angústia, Soren Kierkegaard, 1844. A ideia é boa. E agora?, Scott Belski, 2011. http://sivers.org/hellyeah,

Magia

O encantamento como força motriz.

Maio de 1991, a escola que frequentava, em Serra Negra – SP, estava realizando diversas ações para comemorar o dia do trabalho, eu tinha 7 anos e mal sabia como o mundo dos adultos funcionava. Uma das ações da escola foi levar todos os alunos da classe para conhecer o trabalho dos pais de cada um, fomos conhecer padarias, escritórios e outros trabalhos muito empolgantes para uma criança vivendo em uma cidade tão pequena. A visita mais esperada pela molecada era conhecer o trabalho de um pai policial e, quando esse dia chegou, nossas expectativas foram atendidas, andamos de viaturas, com direito a sirene ligada e tudo, o que nos fez sentir em um filme de ação, conhecemos algumas celas, que, embora estivessem vazias, traziam a assustadora realidade de viver preso, as contagens de dias rabiscadas nas paredes davam um clima sensacional, estávamos muito empolgados.

O dia para conhecer o trabalho do meu pai estava chegando, ele tinha um trabalho incrível, trabalhava com comercio exterior e com todos aqueles produtos e navios vindos do outro lado do mundo, mas eu estava receoso, afinal, ele trabalhava em Santos e voltava à nossa cidade apenas aos finais de semana para ficar conosco. A visita seria em minha casa, impossível superar a visita à delegacia, até a visita à padaria poderia ser considerada uma aventura, se comparado ao que estava por vir.

Mas meu pai nunca se contentou em apenas atender expectativas.

Quando chegamos à minha casa, todos os meus colegas estavam entediados, conhecer uma casa não era lá grande coisa. Logo que entramos, fiquei confuso, muitos dos meus brinquedos estavam em cima da mesa e meu pai estava lá, com um enorme sorriso nos aguardando. Ele usou meus brinquedos para simular todo o processo de seu trabalho, desde a negociação, passando pela logística, despacho e a entrega das mercadorias, sua narrativa era empolgante e cativante, todos os meus colegas estavam de olhos arregalados, esperando ansiosos pelo próximo passo de todo aquele esquema diligentemente planejado em cima de uma mesa de jantar.

Eu não conseguia tirar os olhos dele, tudo que eu conseguia pensar era em ser como meu pai. Já o vi desolado, olhando sua esposa e filhos tomarem um ônibus para voltarem pra casa, enquanto ele tinha que ficar mais uma semana longe, já o vi cansado, estressado e até se sentindo derrotado, mas é até hoje a pessoa mais bem sucedida que conheço, obteve sucesso como pai, esposo, profissional e ainda consegue colocar magia em tudo que se propõe a fazer.

Essa foi uma lição muito importante pra mim, tento buscar uma forma de encantar as pessoas em tudo que faço. É claro que nem sempre é possível, afinal, existem muitos obstáculos como prazos, orçamentos, cansaço, críticas… Mas isso, só faz reduzir as expectativas das pessoas, o que aumenta sua chance de supera-las.

Então, quando se propuser a fazer algo, que seja para fazer olhos brilharemqueixos caírem, que seja para encantar todos à sua volta e fazer alguma diferença na vida de alguém, como meu pai fez com aquele punhado de crianças, que ainda passaram muito tempo falando sobre a melhor visita do mês do trabalho, enquanto meu orgulho só aumentava.

 

O Poder do Simples

Descomplique! Processos simples e eficientes podem fazer a diferença.

Certa vez, após uma corrida na praia, parei em uma barraca de água de coco para me hidratar, afinal, era verão e o calor estava intenso, é claro que não fui o único a ter essa ideia, as filas da barraca eram imensas, mas a sede falava mais alto.

Enquanto aguardava, pude observar o processo da barraca, havia duas filas, uma para pagar e receber o produto e outra para solicitar a abertura do coco para consumo da carne. A equipe contava com apenas quatro funcionários para atender uma imensidão de clientes sedentos. Havia um funcionário para vender o coco, o segundo abria para o consumo da carne, o terceiro recolhia as frutas descartadas e o quarto fazia a reposição. O processo era extremamente eficiente e contínuo, não havia gargalos.

O que mais me deixou inquieto foi o fato dessa eficiência ter se desenvolvido de forma orgânicanatural. Nenhum dos donos ou funcionários dessa barraca havia cursado MBA ou cursos de gestão, não foi preciso a contratação de empresas de consultoria ou elaboração de custosos projetos, talvez não tenha acontecido sequer uma reunião formal para detalhar as obrigações de cada um, os processos se azeitaram com o tempo.

Esse desenvolvimento natural de processos é pouco explorado nas empresas, parece existir uma necessidade de “sofisticação” nas discussões de planejamentos estratégicos.

O guru dos negócios Ram Charam resume toda a estratégia de negócios em apenas três partes: Geração de caixa, Retorno de Ativos e Crescimento, diz que tudo que precisa ser feito em uma empresa emana disso. Esse insight funciona para qualquer ramo de negócio, desde um vendedor de balas no semáforo, que precisa vender as primeiras balas, entender qual delas é mais lucrativa e reinvestir o seu lucro, até uma empresa de foguetes, que aplica os mesmos princípios. Apesar da enorme diferença de complexidade das operações, o conceito central de ambos exemplos é o mesmo. O grande empreendedor é aquele que conhece bem esses três conceitos individualmente e domina a relação entre eles.

Um recente artigo do site entrepreneur.com deixa claro que a dificuldade para enxergar soluções simples e naturais está surpreendentemente relacionada à inteligência. Em geral, pessoas mais instruídas:

  • tendem a competir em serem melhores ou mais criativos do que outros;
  • têm dificuldade em delegar por acreditar que ninguém pode fazer melhor que ele mesmo;
  • criam processos que dependem dele para funcionar;
  • acham que podem fazer algo excepcional e não se contentam com o simples;
  • geralmente têm mais a perder quando cogitam deixar uma atividade para iniciar outra.

A administração desses comportamentos é extremamente importante em um mundo que valoriza cada vez mais o conhecimento. Se não ficarmos atentos, acabamos desvirtuando nosso foco em resultados para o nosso ego e perdemos a genialidade do simples.

Steve Jobs foi um evangelista da simplicidade,  o minimalismo foi aplicado em todos os seus projetos:

“The way we’re running the company, the product design, the advertising, it all comes down to this: Let’s make it simple. Really simple.”

Steve Jobs

Portanto, busque sempre as soluções mais eficientes, independente do grau de sofisticação, sua melhor entrega é o resultado, simplesmente isso. Deixe a vaidade, a centralização e o medo para seus concorrentes.

 

Referências: Why Smart People Make Bad Enterpreneurs, disponível em: http://www.entrepreneur.com/article/240861, acesso em mar/2015. What the CEO wants you to know, Ram Charan, 2011. http://www.smithsonianmag.com/arts-culture/how-steve-jobs-love-of-simplicity-fueled-a-design-revolution-23868877/

 

Mimimi é Fortuna

Se tempo é dinheiro, você já imaginou quanto custa o mimimi?

O termo se refere àquele famoso discurso da incompetência, recheado de desculpas, justificativas descabidas e muita enrolação. O mais preocupante é que, na maioria das vezes, todo esse arsenal defensivo não é percebido pelo próprio dono, que defende com unhas e dentes seus argumentos.

O medo de sair da inércia e começar algo novo, como um curso, uma atividade física ou um projeto, faz com que a pessoa procure conforto em algum discurso que possa convencer os outros e principalmente a si mesmo de que essa nova atividade não é possível, devido a fatores que fogem do seu controle. Afinal, é muito mais confortável acusar a falta de tempo do que admitir nossas inseguranças ou falta de motivação. Os vilões são muitos, como o tempo, o clima, o preço, os outros, os políticos, as leis, a cultura, a distância, enfim, tudo que desvie o foco do maior limitante do homem, ele mesmo.

Isso já aconteceu comigo algumas vezes, principalmente no que tange ao empreendedorismo. Foram muitos projetos que não saíram do papel, cada um por uma limitação diferente, como falta de recursos, baixa demanda, mercado desaquecido, legislação, etc, etc, etc. Com certeza, esse “excesso” de zelo pode ter me tirado de algumas enrascadas, mas, como saber quais dessas limitações foram reais e quais delas foram puro mimimi?

Olhar para o passado e fazer essa reflexão pode nos ajudar a encontrar respostasmoldar nosso futuro, para isso, é preciso muita honestidade, autocrítica e motivação para mudar e fazer diferente.

Mas isso ainda não é o suficiente, não adianta decidir mudar e ser bombardeado pelo discurso falido dos outros, dia após dia, você vai precisar de um bom escudo. O que não podemos é nos iludir, acreditando que vamos conseguir simplesmente evitar pessoas assim, ou achando que é fácil não entrar na onda da turma do amendoim.

No mercado corporativo, podemos ter muito ganho se conseguirmos liderar um grupo para mudança, os resultados serão surpreendentes. Mas vá com calma, algumas pessoas são inflexíveis aos seus pontos de vista e se afundam com eles até o fim, mesmo que todos os demais percebam que são apenas desculpas.

Tudo isso pode custar o seu futuro, portanto, levante uma bandeira contra o mimimi, seu preço é alto demais para você ficar aí parado!

 

O valor de uma ideia

Uma boa ideia não tem valor algum enquanto permanecer ideia.

Um equipamento portátil, fino e com tela em praticamente toda sua superfície, onde você pode escrever ou desenhar com uma caneta feita especialmente para o aparato e, em seguida, pode facilmente apagar tudo e recomeçar, um produto inovador e sustentável, que proporciona mobilidade e conforto para o usuário.

A descrição acima poderia ser a de um tablet, mas não é. A foto a seguir foi tirada em um museu sobre a colonização alemã no Rio Grande do Sul e mostra o resultado de um antigo projeto para melhorar a mobilidade do ensino: lousas individuais, que permitiam aos alunos a possibilidade de treinar e aplicar seus novos conhecimentos em qualquer lugar.

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Apesar da má qualidade da foto, ela me fez refletir sobre as grandes inovações. Talvez não existam mais ideias que criem algo absolutamente inédito, lançamos apenas projetos baseados em experiências, arquétipos e conhecimentos anteriores, com referências muitas vezes esquecidas pelo próprio idealizador, ou seja, nossos insights, em teoria, não nos faz proprietários de uma nova ideia, já que ela é fruto de um grande inconsciente coletivo.

O inconsciente individual repousa sobre uma camada mais profunda… Eu a chamo de inconsciente coletivo. As ideias mais poderosas da história remontam aos arquétipos

Carl Jung

Como exemplo, acabo de ler o livro Geração de Valor, do Flávio Augusto, havia ficado satisfeito ao perceber que temos algumas ideias em comum, mas, ao olhar de forma mais crítica, entendi que, o que realmente temos em comum, é apenas alguma influência literária, que ajudou a moldar nossas opiniões sobre o mundo, assim como a de milhares de pessoas.

Temos também diversos exemplos em nossa história, onde vários sonhadores tiveram ideias consideradas geniais e revolucionárias, mas logo percebiam que outras pessoas trabalhavam na mesma ideia, ao mesmo tempo e em lugares bem distintos, sem terem tido qualquer tipo de contato.

Portanto, ter uma boa ideia pode ser insignificante, pois muitos já a possuem, o sucesso de um projeto se baseia em execução e timing, lembre-se disso.

Referências: Geração de Valor, Flávio Augusto da Silva, 2014; Os arquétipos e o Inconsciente Coletivo, Carl Jung, 1934; The Psychology Book,  diversos autores, 2013; Nerdcast Empreendedor 01, 2015.

 

Pilot

Como tudo começou.

Tudo se resume ao seguinte: Conforme suas experiências se tornam palavras, suas palavras se tornam ações, suas ações se tornam hábitos, seus hábitos se tornam sua imagem e sua imagem se torna o seu destino

Boothman, Nicholas.

Por isso decidi escrever.

Para que você possa lembrar um pouco mais do que aprendemos no caminho. Para que nossas limitações não façam com que minha fome por conhecimento seja desperdiçada.

Escrevo para que nossa caça por insights continue sempre, mas não de maneira meramente esportiva. Esse blog servirá como uma fortaleza, que manterá nossas ideias a salvo do tempo.

Para que nossas melhores experiências conduzam nosso destino.

Para que você não esqueça de onde viemos.

Essa é a sua história, espero que goste!