Insights essenciais sobre comunicação, adquiridos por meio da experiência do dia a dia e relacionados com as teorias mais modernas sobre o tema. Confira!
Em uma recente entrevista sobre educação, um dos entrevistados trouxe dados de uma pesquisa que mostrava não haver relação entre as notas dos alunos na escola e seu sucesso profissional no futuro.
Isso porque, dentre aqueles mais bem-sucedidos da amostragem, não havia uma parcela relevante de ex-alunos com bom histórico escolar.
Esse argumento me gerou um incômodo. Afinal, essa narrativa isolada, sem qualquer base de comparação, me pareceu irrelevante.
Seja por um ruído na comunicação, um erro de interpretação ou realmente um erro de metodologia, o fato é que esses dados podem ter levado muitos espectadores ao engano.
Na Era da Informação esse tipo de situação pode gerar muitos problemas e, dependendo do contexto, os estragos podem ser irreversíveis: desde um posicionamento equivocado numa conversa até o fracasso total de um negócio.
Na primeira parte desse texto, vamos entrar no tenebroso mundo das Fake News para tentar desbravar os Fake Numbers e entender por que nos enganamos tanto.
No último mês, tive a oportunidade de fazer um curso no exterior junto com pessoas de várias partes do mundo. Da Polônia ao Panamá, histórias vindas de diferentes países estavam reunidas naquela sala de aula, localizada em Barcelona.
Como não podia ser diferente, surgiram muitas conversas sobre as características e diferenças entre cada nação e seus habitantes. Uma dessas discussões me chamou bastante a atenção: a linguagem parecia ter grande influência no comportamento das pessoas.
A fagulha para esse debate veio de um conceito muito utilizado em boa parte do globo, em português o conhecemos como: “Ganhar dinheiro“, comparado ao seu equivalente em inglês” to make money” (make = fazer, criar, construir).
O primeiro post sobre Lógica Simbólica foi escrito há mais de 2 anos, na ocasião, utilizamos um conceito da ficção, proposto por Isaac Asimov, para concluir que todo tipo de conteúdo tem uma mensagem primordial, que pode estar ingenuamente perdida ou maliciosamente oculta:
“…seja como transmissor ou receptor, entenda que a palavra é apenas um meio e o enredo um caminho, o grande valor de qualquer conteúdo pode estar resumido a uma única mensagem, solitária e dispersa, esperando que você a desvende.”
Sempre trabalhei com vendas e por todos os cargos que passei, sempre recebi uma grande carga de informação sobre técnicas de negociação. Acontece que sempre tive uma certa aversão a esse conceito, afinal, me parecia que se alguma técnica de convencimento fosse necessária, o foco teria deixado de ser a melhor soluçãopossível para ambos e passaria a ser obter a maior vantagem possível para mim.
O primeiro post sobre Lógica Simbólica já fez 8 meses e, desde aquela época, tenho observado e tentado, insistentemente, descobrir qual é o real significado por trás de qualquer mensagem que recebo.
Como dissemos naquela época, toda comunicação tem uma mensagem primordial, que pode estar ingenuamente perdida ou maliciosamente oculta. Sabendo disso, cabe a cada um de nós desvendar esse objetivo, seja quando recebemos ou transmitimos alguma mensagem.
A mais chocante conclusão que tive ao observar e ler muito sobre o tema é que grande parte da Lógica Simbólica é egocentrada, ou seja, serve principalmente para satisfação pessoal.
Uma discussão só é boa se todos estiverem satisfeitos no final
As discussões estão presentes em toda e qualquer interação humana, seja para falar de futebol, discutir os resultados da empresa ou ter a famosa DR com o companheiro(a).
Essa prática pode trazer muitos benefícios se todos os envolvidos tiverem como objetivo a busca pela verdade, pois resulta em conhecimento adicional e novas conclusões sobre o assunto.
O problema é que, para a maioria das pessoas, o mais importante é vencer a discussão. Essa tendência não se trata de um mal do mundo moderno. Na Grécia, filósofos conhecidos como Sofistas desenvolveram a Retórica, ciência que tratava da arte de convencer através da palavra.
Ou seja, a busca pela verdade coletiva passa a ser uma tentativa de imposição de crenças individuais e ninguém ganha nada com isso (a não ser que estejamos falando de política).
Aqueles que encaram a discussão como uma boa briga possuem uma arma: a falácia. Trata-se de um argumento que parece ser verdadeiro, mas, na prática, induz ao erro. Elas podem ser propositais (sofismo) ou involuntárias (paralogismo), mas, de qualquer forma, distorcem as conclusões.
Abaixo, uma lista das falácias que me deparo com mais frequência, seja no ambiente corporativo ou pessoal:
Falso Dilema – É dado um argumento que limita as opções, dessa forma, a “vítima” se vê presa em um dilema. Ex. ” Ou você quer o impeachment da Dilma ou você é Petista“.
Ad ignorantiam – Cria uma condição falsa àquilo que não pôde ser provado como verdadeiro ou entende como verdade algo que não pôde ser provado falso. Ex. “Sou inocente até que se prove o contrário“.
Ad Baculum – O famoso apelo à força. Ex. “Se quiser manter este emprego, me escute bem!”
Ad Misercordiam – Direciona a argumentação com base em fatores emotivos. Ex. “Me preparei durante meses para esta entrevista durar apenas 5 minutos?”.
Ad hominem – Se faz um ataque contra o argumentador não contra o argumento. Ex. “Não posso aceitar a opinião de alguém tão ignorante!”
Post hoc ergo propter hoc – Assume que uma única correlação é prova suficiente da causa (depois disso, logo, por causa disso). Também conhecido como Correlação Coincidência. Ex. “As vendas caíram após o anuncio do aumento do dólar. Portanto, nosso negócio também depende da flutuação da moeda”.
Espantalho – Cria-se um novo argumento, mais fraco e que possa ser tendenciosamente interpretado. Ex. “Eu adoraria viajar com você, mas as passagens estão tão caras que eu prefiro ficar em casa”.
Ad populum – Afirma que uma opinião é compartilhada por muitas pessoas para tentar corroborar com seu argumento. Ex. “Estão dizendo por aí que vão acontecer muitas demissões”.
Falácia da Falácia – Acusar como vago todo argumento porque se cometeu uma falácia ou erro de argumentação. Ex. “Depois dessa, nem quero ouvir mais nada”.
É importante conhecer esse tipo de argumentação, pois, dessa forma, evitamos cometê-los e, principalmente, ficamos mais atentos para não nos deixar ser enganados. Sempre que estiver entrando em uma nova discussão, lembre-se: a verdadeserá mais proveitosa que a vitória.
As decisões baseadas em seu grau de utilidade são grandes aliadas do êxito profissional, são muitos os exemplos de pessoas práticas que acumulam histórias de sucesso. Esse comportamento racional também ajudou a moldar nossa sociedade e nos trouxe até aqui, então, nada melhor do que usar um dos exemplos históricos para abordar o tema.
A maior potência mundial da atualidade tem uma história em comum com esse tema. Em 1853, o especialista britânico em máquinas e equipamentos, Joseph Whitworth, realizou grandiosos e reveladores estudos sobre o desenvolvimento exponencial dos Estados Unidos. O conteúdo extraído de seus relatórios traz importantes reflexões, como:
“…os americanos exibem enorme engenhosidade, combinada com grande energia e motivação, que, como nação, nós faríamos bem em imitar, se quisermos preservar nossa posição atual no grande mercado mundial”.
Naquela época, os EUA ainda eram vistos com uma nação emergente por muitos. Pesquisas atuais apontam, no entanto, que os britânicos já haviam sido ultrapassados desde os anos 1820 na corrida da produtividade, depois foi a vez da renda per capita, igualada nos anos 1860. Mas o que fez os americanos prosperarem tanto? Segundo Whitworth, as principais razões para esse desenvolvimento, além da abundância de recursos naturais, foram:
Baixa resistência à inovação por parte dos trabalhadores;
Menor número de barreiras para abrir empresas;
Alta taxa de alfabetização;
Imprensa barata.
Em suma, os americanos eram mais práticos. Desse comportamento, surgiu, em 1878, o Pragmatismo, termo proposto por Charles Sanders Peirce, no ensaio Como tornar claras as nossas ideias, que tem como proposta doutrinar o pensamento filosófico para a utilidade. Segundo ele, não devemos nos perguntar apenas “é dessa forma que as coisas são?”, mas sim, “quais são as implicações práticas ao se adotar essa perspectiva?”.
Essa nova filosofia influenciou muitos outros americanos, o nova iorquino William James foi um dos maiores entusiastas do pensamento pragmático e um de seus maiores ensinamentos foi: “faz diferença agir como se você fizesse diferença“. Seu exemplo mais conhecido é de um homem faminto perdido na floresta, se ele acreditar que consegue sair da floresta, irá tentar e pode conseguir sobreviver, caso contrário, ficará parado e fatalmente sucumbirá à fome.
Essa cultura enraizada no povo americano criou importantes alavancas para o desenvolvimento da nação, como o patriotismo, orgulho e confiança. São sentimentos compartilhados por grande parte do povo americano e que são percebidos até hoje no simples contato com qualquer nativo.
Tal objetividade foi uma das responsáveis por tornar o país em tamanha potência econômica e podemos tirar grandes lições ao adotar esse padrão de comportamento, como foco em resultados, eficiência e ambição. Mas existem algumas armadilhas que devem ser administradas: O conceito de foco pode ser simplesmente desfocar o que não interessa, o que nos impede de considerar as consequências; a eficiência pode ignorar a sustentabilidade e criação de valor a longo prazo; a ambição pode virar ganância.
No século XIX, uma nova ideologia surgiu nos EUA, o Destino Manifesto que, segundo ele, o povo americano fora eleito por Deus para promover o desenvolvimento e a formação da nação mais importante de todos os tempos. Essa crença, aliada ao comportamento pragmático, foi o suficiente para despertar a ganância e a inconsequência em uma parcela daquela população, o que culminou em guerras, crises e em um movimento visto por muitos como imperialista.
Quando trazemos essas armadilhas para o nosso cotidiano, a maior preocupação ao adotar uma postura mais prática e objetiva é o exagero. O pragmatismo implacável de Frank Underwood, personagem do seriado House of Cards, retrata muito bem a personificação de um indivíduo que não mede os meios para atingir os fins e estrutura planos maquiavélicos e imorais para atingir seus objetivos, para Underwood, lhe faltam os princípios.
A objetividade é uma forte aliada ao nosso desenvolvimento, mas exige grande responsabilidade. Portanto, foque nos seus objetivos e encontre a maneira mais prática de chegar, moralmente, a eles.
Referências: Os Magnatas, Charles Morris, 2005. O Livro da Filosofia, Diversos autores, 2010.
Supere a insegurança e o medo de falar em público para fazer grandes apresentações
Recentemente, participei de um programa de empreendedorismo interno na minha empresa, algo bem semelhante à uma disputa de startups. Todas as apresentações foram excelentes e de uma variedade incrível, mas, havia algo em comum em quase todos os apresentadores: o medo de falar em público.
Essa insegurança é muito comum, mas pode ter um efeito bastante negativo se não for bem administrada. A oratória nunca foi uma de minhas maiores qualidades, porém, sempre reconheci a importância de dominar essa habilidade, então, pesquisei bastante sobre o assunto e nunca fugi de oportunidades de praticá-la, mesmo que minha mente implorasse pelo contrário. Com isso, consegui uma grande evolução, ainda longe dos meus objetivos, mas que me proporcionou novas chances para praticar ainda mais ao ser indicado para novas apresentações.
Causas do medo
Desde nossos mais antigos antepassados, ter muitos olhos observando um indivíduo nunca foi um sinal de que as coisas estavam indo muito bem, afinal, esta pessoa poderia estar sendo vitima de uma emboscada de animais ferozes ou ataque de rivais. Como vimos no post Conecte-se, estamos constante e involuntariamente fazendo uma avaliação do ambiente que nos cerca e nosso cérebro aprendeu a interpretar essa situação de “centro das atenções” como uma ameaça. Nosso corpo prepara-se então para lutar ou fugir, aumentando a oxigenação, atenção e tensão muscular, para uma possível necessidade de ação física mais drástica. E é daí que pode surgir o medo.
De acordo com a Teoria das Emoções dos psicólogos Willian James e Carl Lange, “as emoções derivam das percepções da mente consciente acerca das nossas condições fisiológicas“. Eles exemplificam sua teoria com o encontro entre um homem e um urso, em que a primeira reação do homem é correr e, por estar correndo, sente medo.
Atualmente, temos agravantes para essa situação, além da posição de lutar ou fugir, que nosso cérebro nos impõe, acabamos complicando ainda mais as coisas. Segundo o especialista no assunto Roberto Shinyashiki, existem 3 principais fatores que podem dificultar ainda mais o desempenho em apresentações e gerar os famosos “brancos“:
Sentimento de inferioridade;
Obrigação autoimposta de ser perfeito;
Medo de errar.
Note que todos esses fatores são causados quando as pessoas pensam nelas mesmas durante as apresentações. Essas inquietações podem ter sido construídas ao longo da formação do indivíduo, as experiências pelas quais passamos influenciam diretamente nossa capacidade de interpretar e reagir às mais diversas situações.
Superando o medo
Agora que contextualizamos o medo de falar em público – de maneira bem sucinta, é verdade, mas de forma que podemos construir um raciocínio – vamos buscar alternativas de superá-lo.
A primeira coisa a se fazer é admitir sua insegurança, ainda de acordo com Shinyashiki: “Quando uma pessoa está com medo, é fundamental que ela abra seu coração e fale desse medo até que ele se esvaia. Freud já provou que esconder sentimentos só aumenta a intensidade deles“. Encontre alguém de sua confiança, que lhe ajude a entender as causas de seu medo, discuta sobre sua insegurança e vai perceber que ela não se sustenta, dessa forma, é possível você aprender a controlá-la.
O treinamento parece a mais óbvia das recomendações para acabar com a insegurança, mas não é o que tenho visto acontecer na prática. O exercício mental, no qual você apenas se imagina falando, não é suficiente, simule sua apresentação pra valer, quantas vezes for possível para chegar mais confiante no grande dia. Joni Galvão e Eduardo Adas, fundadores da SOAP (State Of the Art Presentation), enfatizam muito essa necessidade:
“É natural que as pessoas se intimidem diante da perspectiva de subir ao palco e sintam alguma insegurança em relação a eventuais interferências da audiência e de seu próprio estado emocional. Nessa hora, mais uma vez, aparece a importância do bom preparo; ele torna o apresentador mais confiante e tranquilo e aumenta as chances de a apresentação fluir quase que espontaneamente”.
A preparação não se resume apenas ao ensaio, aproveitar todas as chances de praticar suas técnicas de apresentação em público, com certeza, é o melhor caminho para se tornar um excelente orador. Quando tiver oportunidades, seja na escola, faculdade, trabalho ou até grupo de amigos e familiares, não recuse. Você vai colher os frutos no futuro.
Técnicas práticas
A Teoria das Emoções também fornece uma boa solução, afinal, temos outros sentimentos além do medo que podem ser explorados. Por exemplo, sempre acreditamos que sorrimos quando estamos felizes, mas foi provado que o contrário também é verdadeiro, ao sorrir, nos tornamos mais felizes. Então, a sua postura em uma apresentação tem um grande poder de superar sua insegurança, como mostra o vídeo:
Durante a apresentação, existem truques que considero muito válidos. Nicholas Boothman nos dá dois deles, que são bastante positivos:
“Encontre um rosto amigável. Eles sempre estão lá, são os “acenadores”. Deus os abençoe, acenando, concordando com você e sorrindo. Eles normalmente representam 5% do público. Encontre três ou quatro e recorra a eles para conforto“.
“Tenha um bote salva-vidas. Muitos palestrantes ocasionalmente têm brancos. Pode acontecer por diversas razões. Sempre tenha pra onde ir. Com perguntas relacionadas ao tópico, por exemplo, ou questionando se alguém tem perguntas”.
Outra dica que considero importante é direcionar seu foco. Como vimos no início do post, quando pensamos apenas em nosso desempenho, a tendência é perdermos o raciocínio, então, foque no conteúdo e na plateia.
Existem muitas outras práticas para ajudar nessa situação, como técnicas de respiração, exercícios físicos ou até segurar algo durante a apresentação. É importante descobrir a que melhor funciona para você.
É claro que na teoria é tudo muito mais fácil, eu tenho buscado aprimorar essa minha habilidade há muito tempo e ainda estou longe do ideal, mas não vou desanimar até chegar lá. O mais importante é não se julgar incapaz, todos podem fazer ótimas apresentações. Tenha a consciência de que a evolução vem com o tempo: ninguém nasceu pronto e ninguém inicia uma atividade sendo espetacular.
Referências: O Livro da Psicologia, diversos autores, 2012. Como Convencer Alguém em 90 Segundos, Nicholas Boothman, 2012. Super Apresentações, Joni Galvão e Eduardo Adas, 2011. Os Segredos das Apresentações Poderosas, Roberto Shinyashiki, 2012
Você com certeza já ouviu que o Vale do Silício, nos Estados Unidos, é uma das regiões mais inovadoras do Planeta. Afinal, além de abrigar grandes empresas como Google, Apple e HP, é um grande berço de startups, que surgem a todo momento para sacudir o mercado. O local, que foi inicialmente concebido para suportar as demandas tecnológicas do mundo moderno, recebe cada vez mais investidores e empreendedores.
Mas a que se atribui um sucesso tão expressivo e duradouro? Um estudo publicado no periódico Research Policy aponta que o principal fator que contribui com esse sucesso são as non-compete clauses, regulamentaçãoque permite aos profissionais trocarem de empresas sem a necessidade de um intervalo de tempo, como é corriqueiro em outras regiões, ou seja, não há monopólio do conhecimento.
Essa dinâmica deixa claro que a troca de informações está enraizada como cultura do Vale, muitos profissionais que moraram por lá afirmam que a troca de experiências é a principal e mais marcante característica do lugar, as pessoas realmente estão dispostas a colaborar com o sucesso dos outros. E quem recebe ajuda, acaba, invariavelmente, retribuindo esse favor para outra pessoa no futuro, formando um grande ciclo de solidariedade, onde a regra social de reciprocidade garante a sua manutenção e expansão para um número incalculável de pessoas.
“As sociedades humanas obtêm uma grande vantagem competitiva da regra da reciprocidade e, portanto, zelam para que seus membros sejam educados para obedecê-la e acreditar nela. Cada um de nós foi ensinado a cumprir essa regra e conhece as sanções sociais e o menosprezo reservado para quem quer que a viole.”
Robert B. Cialdini
A reciprocidade não nos é cobrada apenas por capricho. O antropólogo Richard Leakey atribui a essência do que nos torna humanos exatamente à essa regra social. Alega, ainda, que somos o que somos hoje porque nossos ancestrais aprenderam a compartilhar, formando uma Rede de Gratidão: “um mecanismo adaptativo singular dos seres humanos, que permite a divisão do trabalho, a troca de diversas formas de produtos e serviços e a criação de interdependências que conectam os indivíduos em unidades altamenteeficientes“.
A sociedade humana, como mostra a história, obteve grande êxito ao formar essas redes, e você, como está cuidando da sua?
O gerenciamento dessas redes de gratidão já virou ciência social: Netweaving, termo criado por Bob Littel, que complementa o tradicional networking e consiste basicamente em ajudar o próximo sem esperar por retorno imediato. Jeffrey Gitomer também cita a importância dessa prática no Livro Negro do Networking: “Você precisa primeiro dar algo de si – e sem fazer contas.”
Seja discutindo soluções, trocando experiências ou fornecendo contatos, o netweaving tem uma enorme força quando é feito por um grupo ou sociedade que não busca obter vantagens desleais.
Agora, você tem mais motivos para colaborar com o próximo, o assunto que parece conselho clichê de mães ou avós, pode lhe trazer muito mais benefícios do que você imagina:
Ao colaborar com o sucesso alheio:
Você aumentará as chances de alguém lhe retribuir no futuro;
Seus grupos ganham uma enorme vantagem competitiva;
O mundo fica bem melhor assim.
OLivro Negro do Networking, Jeffrey Gitomer, 2008. As Armas da Persuasão, Robert B. Cialdini, 2009. The Making of Mankind, Richard E. Leakey, 1981. www.netweaving.com. http://m.todayonline.com/tech/silicon-valley-top-innovation-because-ban-non-compete-clauses-study
Por muito tempo, tentei descobrir como algumas pessoas conseguem cativar as demais sem esforço algum. Afinal, criar conexão com os outros, em uma sociedade que depende tanto da informação, é uma vantagem competitiva e tanto.
As observações que fiz não foram muito conclusivas, em alguns momentos parecia que a ligação entre duas pessoas fora criada devido a algumas características em comum, mas em outros casos, parecia ser exatamente a mesma característica em comum que impedia tal conexão. Pensei também na relação ganha-ganha, mas o relacionamento gerado sempre foi muito superficial, ou ainda, aquela gerada por alguém que possui características complementares a outra pessoa, porém, é outra teoria que não me convenceu.
Todos esses comportamentos podem realmente criar laços afetivos, mas não correspondem àquelas conexões que são criadas imediatamente, nos primeiros minutos de uma conversa. Isso deixa claro que, o que desperta nosso interesse não é de causa consciente, existe algo que acontece antes e nos faz gostar mais de alguns do que de outros. O modo de vida urbano das sociedades que conhecemos hoje é muito novo, do ponto de vista evolutivo, para que consigamos encontrar respostas sem olhar para o passado. Desde o surgimento do ser humano, vivemos muito mais tempo em cavernas do que em apartamento luxuosos, portanto, nossos comportamentos têm grandes chances de terem sido desenvolvidos há muito tempo atrás, em cenários selvagens.
O psicólogo e Nobel de Economia Daniel Kaheman cita em seu livro Rápido e Devagar, que nosso cérebro aprendeu a fazer julgamentos antes mesmo de nos darmos conta. Essa ação inconsciente evoluiu como um sistema anti-ameaças, que ” foi moldado pela evolução, para fornecer uma avaliação contínua dos principais problemas que um organismo deve resolver para sobreviver: Como andam as coisas? Existe alguma ameaça ou grande oportunidade? Tudo está normal? Devo me aproximar?”. Todas essas considerações são feitas a todo o momento e duram milésimos de segundo, seu cérebro avalia expressões corporais, roupas e movimentos, mesmo que você não queira.
Essa capacidade de avaliação foi posta à prova por Alex Todorov, o qual demonstrou que somos dotados de uma capacidade para estimar, com um simples olhar para o rosto de um estranho, dois fatos potencialmente cruciais sobre essa pessoa: “até que ponto ela é dominante (e portanto potencialmente ameaçadora) e até que ponto é confiável, isto é, se suas intenções estão mais para cordiais ou hostis“. Todorov mostrou fotos de rostos de homens para seus alunos, alguns por apenas um décimo de segundo, e solicitou uma classificação de acordo com seus atributos, incluindo capacidade de agradar e competência. Os resultados tiveram grande consenso entre os observadores, mas a grande revelação do experimento foi que as fotos eram de candidatos a algum cargo político de diversos países, onde incríveis 70% dos candidatos classificados com melhores atributos de competência venceram as disputas eleitorais. Em alguns casos, os resultados de Todorov foram mais proféticos do que as próprias pesquisas de intenção de voto.
Kahneman e Todorov mostraram que fazemos um pré-julgamento das pessoas, considerando apenas suas características físicas e, apesar dos resultados dos testes mostrarem que esse julgamento pode ser bastante preciso, é muito importante entendermos que ele não é 100% eficiente.
Quando levamos essas descobertas para nosso contexto, percebemos que é extremamente importante cuidarmos da imagem que passamos às pessoas, cuidando da nossa postura, das nossas expressões corporais e, até mesmo, de nossas vestimentas. Já parou pra pensar quantas avaliações sobre você estão acontecendo quando entra em uma reunião?
“Os segundos iniciais de um primeiro encontro são conduzidos por reações instintivas. Cada pessoa faz avaliações inconscientes e impensadas centradas em sua segurança […] enquanto o corpo entra em um nível mais alto de atenção, um escudo mental aparece para protegê-lo […] a atenção das pessoas é voltada para aqueles que estão acrescentando energia ao ambiente, em vez daquelas que estão tirando energia do lugar. Pessoas procuram quem vai encorajar o crescimento delas, quem vai dar, não tirar“.
Nicholas Boothman
Feito um julgamento inconsciente, partimos para o primeiro contato. Para destituir os mecanismos de defesa das pessoas, devemos demonstrar que não somos uma ameaça, as dicas a seguir são do especialista Nicholas Boothman:
Cumprimente olhando nos olhos, seja o primeiro a falar algo e sorria.
Deixe suas mãos a mostra.
Garanta que não há nada entre vocês.
Fique de frente para pessoa.
Alinhe seu tom de voz ao da pessoa.
Essas pequenas atitudes, podem gerar uma relação de maior confiança, dando abertura para um conversa mais longa. Quando iniciar a conversa, existem 3 comportamentos que são extremamente valorizados e podem criar conexões fortes e duradouras:
Humildade
Entusiasmo
Curiosidade
Esses três comportamentos são extremamente poderosos e atraentes, mas você já deve ter percebido que não dá pra fingir tudo isso, a imagem revelada depende muito de sua energia, estado de espírito, humor, ou seja lá do que queira chamar. Para isso, você deve fazer o que gosta, estar onde quer estar e sempre cuidar para que seu comportamento seja coerente com suas características mais positivas.
Referências: Rápido e Devagar, Daniel Kahneman, 2011. Como Convencer Alguém em 90 Segundos, Nicholas Boothman, 2010
“- E como chegou o senhor a tão notável conclusão? – perguntou Yate Fulham.
– De uma maneira simples. Há um ramo do conhecimento humano denominado lógica simbólica que pode ser empregado para peneirar todas as inutilidades que rodeiam a linguagem humana. Como se pode ver, mais ou menos 90% do tratado não têm qualquer significado e podemos tirar de todo ele a seguinte conclusão, tão cheia de interesse: – Obrigações de Anacreon para com o Império: Nenhuma. – respondeu Hardin.”
A passagem acima foi tirada do primeiro livro da Trilogia da Fundação de Isaac Asimov, nele, um dos personagens relata como conseguiu eliminar os floreios de um enorme artigo e resumi-lo em uma única ideia, que seria a verdadeira e única mensagem por trás de todo aquele emaranhado de palavras e números.
Quando trazemos esse conceito da ficção para a realidade, observamos que relatórios, e-mails, projetos, discursos, discussões e todo tipo de conteúdo têm uma mensagem primordial, que pode estar ingenuamente perdida ou maliciosamente oculta.
Um exemplo real pode ser visto no caso do matemático John Nash e seu professor universitário. Para conseguir incluir seu aluno em um dos concorridos doutorados americanos, o professor precisou elaborar uma carta de recomendação para que Nash pudesse ser aceito em algum dos programas. Fugindo do senso comum, não descreveu toda a história, dados ou feitos de seu aluno, escreveu apenas a mensagem principal que queria transmitir: “Este homem é um gênio“. Nash acabou sendo alvo de disputa entre as melhores universidades dos EUA, incluindo Harvard e Princeton.
Recentemente, presenciei um exemplo na Campus Party 2015, em uma rodada de startups, onde jovens empreendedores tem 5 minutos para apresentar seus projetos para uma banca de investidores. Em uma das apresentações, o jovem foi muito bem em sua oratória e presença de palco, mas ao final, um dos investidores argumentou: “- Eu não entendi para que serve seu negócio”.
O objetivo oculto de uma mensagem é a parte mais importante de qualquer conteúdo, quando fizer uma apresentação, seja qual for o meio, tenha em mente qual é sua intenção e construa seu raciocínio ao redor dela, existe uma separação clara entre o que dizemos e o que queremos dizer. Ferdinand de Saussure, considerado o pai da linguística, fez essa divisão, constatou que a comunicação está dividida entre significante (forma de transferir a mensagem) e significado (sentido da mensagem).
Portanto, seja como transmissor ou receptor, entenda que a palavra é apenas um meio e o enredo um caminho, o grande valor de qualquer conteúdo pode estar resumido a uma única mensagem, solitária e dispersa, esperando que você a desvende.
Referências: A Fundação, Isaac Asimov, 1951; Game Theory, University of Tokio, 2015, disponível em: www.coursera.org; O Livro da Filosofia, diversos autores, 2011; Curso de Linguística Geral, Ferdinand de Saussure, 1951
Na última semana, a cor de um vestido foi um dos assuntos mais comentados ao redor do mundo. Afinal, é muito curioso observar que pessoas veem cores diferentes na mesma imagem.
O assunto fica ainda mais interessante do ponto de vista científico, com a afirmação de que as cores simplesmente não existem. O que vemos é apenas o reflexo de uma das frequências de luz que o objeto observado não é capaz de absorver. Nosso cérebro, então, interpreta essa frequência criando a imagem colorida. Esse filtro é baseado num grande acervo mental construído por experiências ao longo de toda vida.
Mas será que esse processo de interpretação se aplica a todos os sentidos ou somente à nossa visão?
Um homem nascido em 490 anos antes de cristo, mesmo com todas as limitações da época, já entendia que não. Ele dizia que “O homem é medida de todas as coisas”, Protágoras sabia que tudo era relativo e dependia da perspectiva de cada um. Um de seus exemplos mais práticos era: Se um visitante sueco vai à Atenas na primavera, vai afirmar que o tempo está quente, já um visitante do Egito afirmará que está frio e, apesar das opiniões contrárias, ambos estarão falando a verdade.
Hoje, a Psicologia Cognitiva estuda esse fenômeno, fundamentado em como o cérebro de cada indivíduo processa as informações passadas por seus sentidos, como a velha história do copo que parece meio vazio para alguns e meio cheio para outros (ou se o Prot veio ou não de K-PAX).
Este conceito pode facilitar muito nossas relações, seja com amigos, familiares, clientes ou funcionários. Quem nunca observou desavenças por duas pessoas terem conclusões absolutamente diferentes sobre o mesmo assunto? Quantos negócios foram desfeitos ou inimizades foram criadas por uma busca ilógica de consenso?
Outra aplicação prática se refere aos nossos problemas. As dificuldades não possuem uma escala intrínseca de intensidade, somos nós que a atribuímos, de acordo com nossa própria experiência e capacidade de interpretação dos fatos.
Até sua percepção sobre o passado pode mudar, quando seu filtro ou cognição sofrer algum ajuste.
Portanto, não se contente em respeitar as diferenças, aprenda com elas, é o seu acervo mental que pode estar limitado. Reflita sobre suas ações e, por favor, seja maior que seus problemas.
Referências: O Livro da Filosofia, diversos autores 2011. O Livro da Psicologia, diversos autores 2012. A cor não existe: o que você vê é luz, disponível em: http://hypescience.com/a-cor-nao-existe-o-que-voce-ve-e-luz/, acesso em: 01/03/2015. A Ciência das Cores, disponível em: http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1095&sid=9, acesso em: 01/03/2015
Cuidado! o amor é uma ilusão. E não há nada de errado nisso.
Essa noção é construída pelo bem que uma pessoa proporciona a outra, como por exemplo, casais que se sentem mais felizes, seguros e confiantes quando estão juntos, ou a alegria que sentimos quando ajudamos alguém necessitado. Não amamos o amado, mas a sensação que ele nos proporciona.
Nietszche dizia que só existe o amor próprio, que todas as nossas ações são voltadas para o nosso próprio bem.
O hedonismo, teoria de filósofos gregos, diz que a busca por prazer é o objetivo supremo da raça humana.
O utilitarismo de Stuart Mill afirma que sempre agimos buscando o máximo de bem estar.
Adam Smith dizia que “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que devemos esperar nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelo seu próprio interesse“. Em sua teoria do homo economicus, dizia que o “ser humano sempre opta por aquilo que lhe oferece maior utilidade com o menor esforço”.
Tudo isso pode parecer radical e até egoista, mas você deve admitir que explica muita coisa.
A compreensão desse conceito, acredite nele ou não, lhe fará enxergar as relações humanas com outros olhos, de forma mais compreensível e pragmática.
Supere-se!
Referências: A Riqueza das Nações, Adam Smith, 1776; Quando Nietzche Chorou, Irvin, D. Yalom, 1992; Meu amor, que me faz muito bem, 2009.
As ferramentas e insights de um executivo em busca do sucesso.