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A Rede da Gratidão

Como a colaboração pode definir nosso futuro.

Você com certeza já ouviu que o Vale do Silício, nos Estados Unidos, é uma das regiões mais inovadoras do Planeta. Afinal, além de abrigar grandes empresas como Google, Apple e HP, é um grande berço de startups, que surgem a todo momento para sacudir o mercado. O local, que foi inicialmente concebido para suportar as demandas tecnológicas do mundo moderno, recebe cada vez mais investidores e empreendedores.

Mas a que se atribui um sucesso tão expressivo e duradouro? Um estudo publicado no periódico Research Policy aponta que o principal fator que contribui com esse sucesso são as non-compete clauses, regulamentação que permite aos profissionais trocarem de empresas sem a necessidade de um intervalo de tempo, como é corriqueiro em outras regiões, ou seja, não há monopólio do conhecimento.

Essa dinâmica deixa claro que a troca de informações está enraizada como cultura do Vale, muitos profissionais que moraram por lá afirmam que a troca de experiências é a principal e mais marcante característica do lugar, as pessoas realmente estão dispostas a colaborar com o sucesso dos outros. E quem recebe ajuda, acaba, invariavelmente, retribuindo esse favor para outra pessoa no futuro, formando um grande ciclo de solidariedade, onde a regra social de reciprocidade garante a sua manutenção e expansão para um número incalculável de pessoas.

“As sociedades humanas obtêm uma grande vantagem competitiva da regra da reciprocidade e, portanto, zelam para que seus membros sejam educados para obedecê-la e acreditar nela. Cada um de nós foi ensinado a cumprir essa regra e conhece as sanções sociais e o menosprezo reservado para quem quer que a viole.”

Robert B. Cialdini

A reciprocidade não nos é cobrada apenas por capricho. O antropólogo Richard Leakey atribui a essência do que nos torna humanos exatamente à essa regra social. Alega, ainda, que somos o que somos hoje porque nossos ancestrais aprenderam a compartilhar, formando uma Rede de Gratidão: “um mecanismo adaptativo singular dos seres humanos, que permite a divisão do trabalho, a troca de diversas formas de produtos e serviços e a criação de interdependências que conectam os indivíduos em unidades altamente eficientes“.

A sociedade humana, como mostra a história, obteve grande êxito ao formar essas redes, e você, como está cuidando da sua?

O gerenciamento dessas redes de gratidão já virou ciência social: Netweaving, termo criado por Bob Littel, que complementa o tradicional networking e consiste basicamente em ajudar o próximo sem esperar por retorno imediato. Jeffrey Gitomer também cita a importância dessa prática no Livro Negro do Networking: “Você precisa primeiro dar algo de si – e sem fazer contas.”

Seja discutindo soluções, trocando experiências ou fornecendo contatos, o netweaving tem uma enorme força quando é feito por um grupo ou sociedade que não busca obter vantagens desleais.

Agora, você tem mais motivos para colaborar com o próximo, o assunto que parece conselho clichê de mães ou avós, pode lhe trazer muito mais benefícios do que você imagina:

Ao colaborar com o sucesso alheio:

  1. Você aumentará as chances de alguém lhe retribuir no futuro;
  2. Seus grupos ganham uma enorme vantagem competitiva;
  3. O mundo fica bem melhor assim.

 

O Livro Negro do Networking, Jeffrey Gitomer, 2008. As Armas da Persuasão, Robert B. Cialdini, 2009. The Making of Mankind, Richard E. Leakey, 1981. www.netweaving.com. http://m.todayonline.com/tech/silicon-valley-top-innovation-because-ban-non-compete-clauses-study

 

Conecte-se

A melhor maneira de criar conexão.

Por muito tempo, tentei descobrir como algumas pessoas conseguem cativar as demais sem esforço algum. Afinal, criar conexão com os outros, em uma sociedade que depende tanto da informação, é uma vantagem competitiva e tanto.

As observações que fiz não foram muito conclusivas, em alguns momentos parecia que a ligação entre duas pessoas fora criada devido a algumas características em comum, mas em outros casos, parecia ser exatamente a mesma característica em comum que impedia tal conexão. Pensei também na relação ganha-ganha, mas o relacionamento gerado sempre foi muito superficial, ou ainda, aquela gerada por alguém que possui características complementares a outra pessoa, porém, é outra teoria que não me convenceu.

Todos esses comportamentos podem realmente criar laços afetivos, mas não correspondem àquelas conexões que são criadas imediatamente, nos primeiros minutos de uma conversa. Isso deixa claro que, o que desperta nosso interesse não é de causa consciente, existe algo que acontece antes e nos faz gostar mais de alguns do que de outros. O modo de vida urbano das sociedades que conhecemos hoje é muito novo, do ponto de vista evolutivo, para que consigamos encontrar respostas sem olhar para o passado. Desde o surgimento do ser humano, vivemos muito mais tempo em cavernas do que em apartamento luxuosos, portanto, nossos comportamentos têm grandes chances de terem sido desenvolvidos há muito tempo atrás, em cenários selvagens.

O psicólogo e Nobel de Economia Daniel Kaheman cita em seu livro Rápido e Devagar, que nosso cérebro aprendeu a fazer julgamentos antes mesmo de nos darmos conta. Essa ação inconsciente evoluiu como um sistema anti-ameaças, que ” foi moldado pela evolução, para fornecer uma avaliação contínua dos principais problemas que um organismo deve resolver para sobreviver: Como andam as coisas? Existe alguma ameaça ou grande oportunidade? Tudo está normal? Devo me aproximar?”. Todas essas considerações são feitas a todo o momento e duram milésimos de segundo, seu cérebro avalia expressões corporais, roupas e movimentos, mesmo que você não queira.

Essa capacidade de avaliação foi posta à prova por Alex Todorov, o qual demonstrou que somos dotados de uma capacidade para estimar, com um simples olhar para o rosto de um estranho, dois fatos potencialmente cruciais sobre essa pessoa: “até que ponto ela é dominante (e portanto potencialmente ameaçadora) e até que ponto é confiável, isto é, se suas intenções estão mais para cordiais ou hostis“. Todorov mostrou fotos de rostos de homens para seus alunos, alguns por apenas um décimo de segundo, e solicitou uma classificação de acordo com seus atributos, incluindo capacidade de agradar e competência. Os resultados tiveram grande consenso entre os observadores, mas a grande revelação do experimento foi que as fotos eram de candidatos a algum cargo político de diversos países, onde incríveis 70% dos candidatos classificados com melhores atributos de competência venceram as disputas eleitorais. Em alguns casos, os resultados de Todorov foram mais proféticos do que as próprias pesquisas de intenção de voto.

Kahneman e Todorov mostraram que fazemos um pré-julgamento das pessoas, considerando apenas suas características físicas e, apesar dos resultados dos testes mostrarem que esse julgamento pode ser bastante preciso, é muito importante entendermos que ele não é 100% eficiente.

Quando levamos essas descobertas para nosso contexto, percebemos que é extremamente importante cuidarmos da imagem que passamos às pessoas, cuidando da nossa postura, das nossas expressões corporais e, até mesmo, de nossas vestimentas. Já parou pra pensar quantas avaliações sobre você estão acontecendo quando entra em uma reunião?

“Os segundos iniciais de um primeiro encontro são conduzidos por reações instintivas. Cada pessoa faz avaliações inconscientes e impensadas centradas em sua segurança […] enquanto o corpo entra em um nível mais alto de atenção, um escudo mental aparece para protegê-lo […] a atenção das pessoas é voltada para aqueles que estão acrescentando energia ao ambiente, em vez daquelas que estão tirando energia do lugar. Pessoas procuram quem vai encorajar o crescimento delas, quem vai dar, não tirar“.

Nicholas Boothman

Feito um julgamento inconsciente, partimos para o primeiro contato. Para destituir os mecanismos de defesa das pessoas, devemos demonstrar que não somos uma ameaça, as dicas a seguir são do especialista Nicholas Boothman:

  • Cumprimente olhando nos olhos, seja o primeiro a falar algo e sorria.
  • Deixe suas mãos a mostra.
  • Garanta que não há nada entre vocês.
  • Fique de frente para pessoa.
  • Alinhe seu tom de voz ao da pessoa.

Essas pequenas atitudes, podem gerar uma relação de maior confiança, dando abertura para um conversa mais longa. Quando iniciar a conversa, existem 3 comportamentos que são extremamente valorizados e podem criar conexões fortes e duradouras:

  • Humildade
  • Entusiasmo
  • Curiosidade

Esses três comportamentos são extremamente poderosos e atraentes, mas você já deve ter percebido que não dá pra fingir tudo isso, a imagem revelada depende muito de sua energia, estado de espírito, humor, ou seja lá do que queira chamar. Para isso, você deve fazer o que gosta, estar onde quer estar e sempre cuidar para que seu comportamento seja coerente com suas características mais positivas.

 

Referências: Rápido e Devagar, Daniel Kahneman, 2011. Como Convencer Alguém em 90 Segundos, Nicholas Boothman, 2010

 

Magia

O encantamento como força motriz.

Maio de 1991, a escola que frequentava, em Serra Negra – SP, estava realizando diversas ações para comemorar o dia do trabalho, eu tinha 7 anos e mal sabia como o mundo dos adultos funcionava. Uma das ações da escola foi levar todos os alunos da classe para conhecer o trabalho dos pais de cada um, fomos conhecer padarias, escritórios e outros trabalhos muito empolgantes para uma criança vivendo em uma cidade tão pequena. A visita mais esperada pela molecada era conhecer o trabalho de um pai policial e, quando esse dia chegou, nossas expectativas foram atendidas, andamos de viaturas, com direito a sirene ligada e tudo, o que nos fez sentir em um filme de ação, conhecemos algumas celas, que, embora estivessem vazias, traziam a assustadora realidade de viver preso, as contagens de dias rabiscadas nas paredes davam um clima sensacional, estávamos muito empolgados.

O dia para conhecer o trabalho do meu pai estava chegando, ele tinha um trabalho incrível, trabalhava com comercio exterior e com todos aqueles produtos e navios vindos do outro lado do mundo, mas eu estava receoso, afinal, ele trabalhava em Santos e voltava à nossa cidade apenas aos finais de semana para ficar conosco. A visita seria em minha casa, impossível superar a visita à delegacia, até a visita à padaria poderia ser considerada uma aventura, se comparado ao que estava por vir.

Mas meu pai nunca se contentou em apenas atender expectativas.

Quando chegamos à minha casa, todos os meus colegas estavam entediados, conhecer uma casa não era lá grande coisa. Logo que entramos, fiquei confuso, muitos dos meus brinquedos estavam em cima da mesa e meu pai estava lá, com um enorme sorriso nos aguardando. Ele usou meus brinquedos para simular todo o processo de seu trabalho, desde a negociação, passando pela logística, despacho e a entrega das mercadorias, sua narrativa era empolgante e cativante, todos os meus colegas estavam de olhos arregalados, esperando ansiosos pelo próximo passo de todo aquele esquema diligentemente planejado em cima de uma mesa de jantar.

Eu não conseguia tirar os olhos dele, tudo que eu conseguia pensar era em ser como meu pai. Já o vi desolado, olhando sua esposa e filhos tomarem um ônibus para voltarem pra casa, enquanto ele tinha que ficar mais uma semana longe, já o vi cansado, estressado e até se sentindo derrotado, mas é até hoje a pessoa mais bem sucedida que conheço, obteve sucesso como pai, esposo, profissional e ainda consegue colocar magia em tudo que se propõe a fazer.

Essa foi uma lição muito importante pra mim, tento buscar uma forma de encantar as pessoas em tudo que faço. É claro que nem sempre é possível, afinal, existem muitos obstáculos como prazos, orçamentos, cansaço, críticas… Mas isso, só faz reduzir as expectativas das pessoas, o que aumenta sua chance de supera-las.

Então, quando se propuser a fazer algo, que seja para fazer olhos brilharemqueixos caírem, que seja para encantar todos à sua volta e fazer alguma diferença na vida de alguém, como meu pai fez com aquele punhado de crianças, que ainda passaram muito tempo falando sobre a melhor visita do mês do trabalho, enquanto meu orgulho só aumentava.

 

Kaizen

A importância do desenvolvimento pessoal contínuo.

Apesar de ainda estar em início de carreira, já passei por algumas provações. Foram duas faculdades, uma pós-graduação e muitos cursos de extensão, aprendi outros dois idiomas e principalmente sempre busquei muita informação. Quando comecei em minha empresa atual, como vendedor, tracei a meta de ter uma promoção por ano até me tornar executivo e, felizmente, com muito comprometimento, consegui.

Mas esse post não é para lhe falar sobre superação, determinação ou coisas do tipo, é para lhe fazer um alerta, para que sua dedicação nunca diminua.

Algumas vezes, trabalhei com pessoas que não se sentiam capazes ou merecedoras de alcançar novos patamares, que não traçavam objetivos ou não tinham entusiasmo suficiente e, ainda, aquelas que simplesmente não queriam prosperar.  Em algumas dessas ocasiões, percebi que para me destacar, precisaria apenas fazer o meu trabalho, nada além disso. Ao adotar essa postura, parei no tempo e perdi boas oportunidades de desenvolvimento.

Certa vez, na palestra do filósofo Mário Sérgio Cortella, ouvi uma frase que resume bem essa situação: “o animal satisfeito dorme”. Isso me fez perceber o perigo da falta de competitividade e da grande barreira que o comodismo pode trazer.  Você já deve ter passado por alguma situação em que estava “satisfeito” com o seu trabalho, fazendo apenas o que lhe é demandado e de repente, de um dia para o outro, entra alguém novo em sua área, muito motivado, com experiência, diversos cursos de especialização, vivência internacional, passagem por grandes empresas, participação em projetos relevantes e, ainda por cima, mais jovem que você. A sua reação é negativa, afinal, certamente perderá espaço e despertará a horrível sensação de que você não deveria ter ficado tanto tempo parado.

O ponto positivo é que esse novo colega pode, na verdade, ser o catalizador da sua mudança, pode ser o que faltava para lhe fazer se sentir um aprendiz novamente. É claro que você vai precisar de muita humildade para admitir que tem algo a aprender com alguém que acabou de chegar, mas muitos de nós somos movidos pela competição e, enquanto ela for saudável, você tem mais é que aproveitar essa energia extra.

Se não tiver a sorte de ter competidores com as mesmas ambições que as suas, a solução é desafiar a si mesmo, trabalhar por uma evolução contínua, esquecer dos acomodados e superar-se a cada dia, travando um verdadeiro duelo com o seu passado. Esse pode ser o caminho mais difícil, mas se tiver êxito, terá a invejável capacidade de se manter motivado em qualquer cenário.

 

O Poder do Simples

Descomplique! Processos simples e eficientes podem fazer a diferença.

Certa vez, após uma corrida na praia, parei em uma barraca de água de coco para me hidratar, afinal, era verão e o calor estava intenso, é claro que não fui o único a ter essa ideia, as filas da barraca eram imensas, mas a sede falava mais alto.

Enquanto aguardava, pude observar o processo da barraca, havia duas filas, uma para pagar e receber o produto e outra para solicitar a abertura do coco para consumo da carne. A equipe contava com apenas quatro funcionários para atender uma imensidão de clientes sedentos. Havia um funcionário para vender o coco, o segundo abria para o consumo da carne, o terceiro recolhia as frutas descartadas e o quarto fazia a reposição. O processo era extremamente eficiente e contínuo, não havia gargalos.

O que mais me deixou inquieto foi o fato dessa eficiência ter se desenvolvido de forma orgânicanatural. Nenhum dos donos ou funcionários dessa barraca havia cursado MBA ou cursos de gestão, não foi preciso a contratação de empresas de consultoria ou elaboração de custosos projetos, talvez não tenha acontecido sequer uma reunião formal para detalhar as obrigações de cada um, os processos se azeitaram com o tempo.

Esse desenvolvimento natural de processos é pouco explorado nas empresas, parece existir uma necessidade de “sofisticação” nas discussões de planejamentos estratégicos.

O guru dos negócios Ram Charam resume toda a estratégia de negócios em apenas três partes: Geração de caixa, Retorno de Ativos e Crescimento, diz que tudo que precisa ser feito em uma empresa emana disso. Esse insight funciona para qualquer ramo de negócio, desde um vendedor de balas no semáforo, que precisa vender as primeiras balas, entender qual delas é mais lucrativa e reinvestir o seu lucro, até uma empresa de foguetes, que aplica os mesmos princípios. Apesar da enorme diferença de complexidade das operações, o conceito central de ambos exemplos é o mesmo. O grande empreendedor é aquele que conhece bem esses três conceitos individualmente e domina a relação entre eles.

Um recente artigo do site entrepreneur.com deixa claro que a dificuldade para enxergar soluções simples e naturais está surpreendentemente relacionada à inteligência. Em geral, pessoas mais instruídas:

  • tendem a competir em serem melhores ou mais criativos do que outros;
  • têm dificuldade em delegar por acreditar que ninguém pode fazer melhor que ele mesmo;
  • criam processos que dependem dele para funcionar;
  • acham que podem fazer algo excepcional e não se contentam com o simples;
  • geralmente têm mais a perder quando cogitam deixar uma atividade para iniciar outra.

A administração desses comportamentos é extremamente importante em um mundo que valoriza cada vez mais o conhecimento. Se não ficarmos atentos, acabamos desvirtuando nosso foco em resultados para o nosso ego e perdemos a genialidade do simples.

Steve Jobs foi um evangelista da simplicidade,  o minimalismo foi aplicado em todos os seus projetos:

“The way we’re running the company, the product design, the advertising, it all comes down to this: Let’s make it simple. Really simple.”

Steve Jobs

Portanto, busque sempre as soluções mais eficientes, independente do grau de sofisticação, sua melhor entrega é o resultado, simplesmente isso. Deixe a vaidade, a centralização e o medo para seus concorrentes.

 

Referências: Why Smart People Make Bad Enterpreneurs, disponível em: http://www.entrepreneur.com/article/240861, acesso em mar/2015. What the CEO wants you to know, Ram Charan, 2011. http://www.smithsonianmag.com/arts-culture/how-steve-jobs-love-of-simplicity-fueled-a-design-revolution-23868877/

 

Mimimi é Fortuna

Se tempo é dinheiro, você já imaginou quanto custa o mimimi?

O termo se refere àquele famoso discurso da incompetência, recheado de desculpas, justificativas descabidas e muita enrolação. O mais preocupante é que, na maioria das vezes, todo esse arsenal defensivo não é percebido pelo próprio dono, que defende com unhas e dentes seus argumentos.

O medo de sair da inércia e começar algo novo, como um curso, uma atividade física ou um projeto, faz com que a pessoa procure conforto em algum discurso que possa convencer os outros e principalmente a si mesmo de que essa nova atividade não é possível, devido a fatores que fogem do seu controle. Afinal, é muito mais confortável acusar a falta de tempo do que admitir nossas inseguranças ou falta de motivação. Os vilões são muitos, como o tempo, o clima, o preço, os outros, os políticos, as leis, a cultura, a distância, enfim, tudo que desvie o foco do maior limitante do homem, ele mesmo.

Isso já aconteceu comigo algumas vezes, principalmente no que tange ao empreendedorismo. Foram muitos projetos que não saíram do papel, cada um por uma limitação diferente, como falta de recursos, baixa demanda, mercado desaquecido, legislação, etc, etc, etc. Com certeza, esse “excesso” de zelo pode ter me tirado de algumas enrascadas, mas, como saber quais dessas limitações foram reais e quais delas foram puro mimimi?

Olhar para o passado e fazer essa reflexão pode nos ajudar a encontrar respostasmoldar nosso futuro, para isso, é preciso muita honestidade, autocrítica e motivação para mudar e fazer diferente.

Mas isso ainda não é o suficiente, não adianta decidir mudar e ser bombardeado pelo discurso falido dos outros, dia após dia, você vai precisar de um bom escudo. O que não podemos é nos iludir, acreditando que vamos conseguir simplesmente evitar pessoas assim, ou achando que é fácil não entrar na onda da turma do amendoim.

No mercado corporativo, podemos ter muito ganho se conseguirmos liderar um grupo para mudança, os resultados serão surpreendentes. Mas vá com calma, algumas pessoas são inflexíveis aos seus pontos de vista e se afundam com eles até o fim, mesmo que todos os demais percebam que são apenas desculpas.

Tudo isso pode custar o seu futuro, portanto, levante uma bandeira contra o mimimi, seu preço é alto demais para você ficar aí parado!

 

Lógica Simbólica

A mensagem oculta de tudo aquilo que nos cerca.

“- E como chegou o senhor a tão notável conclusão? – perguntou Yate Fulham.

– De uma maneira simples. Há um ramo do conhecimento humano denominado lógica simbólica que pode ser empregado para peneirar todas as inutilidades que rodeiam a linguagem humana. Como se pode ver, mais ou menos 90% do tratado não têm qualquer significado  e podemos tirar de todo ele a seguinte conclusão, tão cheia de interesse: – Obrigações de Anacreon para com o Império: Nenhuma. – respondeu Hardin.”

A passagem acima foi tirada do primeiro livro da Trilogia da Fundação de Isaac Asimov, nele, um dos personagens relata como conseguiu eliminar os floreios de um enorme artigo e resumi-lo em uma única ideia, que seria a verdadeira e única mensagem por trás de todo aquele emaranhado de palavras e números.

Quando trazemos esse conceito da ficção para a realidade, observamos que relatórios, e-mails, projetos, discursos, discussões e todo tipo de conteúdo têm uma mensagem primordial, que pode estar ingenuamente perdida ou maliciosamente oculta.

Um exemplo real pode ser visto no caso do matemático John Nash e seu professor universitário. Para conseguir incluir seu aluno em um dos concorridos doutorados americanos, o professor precisou elaborar uma carta de recomendação para que Nash pudesse ser aceito em algum dos programas. Fugindo do senso comum, não descreveu toda a história, dados ou feitos de seu aluno, escreveu apenas a mensagem principal que queria transmitir: “Este homem é um gênio“. Nash acabou sendo alvo de disputa entre as melhores universidades dos EUA, incluindo Harvard e Princeton.

Recentemente, presenciei um exemplo na Campus Party 2015, em uma rodada de startups, onde jovens empreendedores tem 5 minutos para apresentar seus projetos para uma banca de investidores. Em uma das apresentações, o jovem foi muito bem em sua oratória e presença de palco, mas ao final, um dos investidores argumentou: “- Eu não entendi para que serve seu negócio”.

O objetivo oculto de uma mensagem é a parte mais importante de qualquer conteúdo, quando fizer uma apresentação, seja qual for o meio, tenha em mente qual é sua intenção e construa seu raciocínio ao redor dela, existe uma separação clara entre o que dizemos e o que queremos dizer. Ferdinand de Saussure, considerado o pai da linguística, fez essa divisão, constatou que a comunicação está dividida entre significante (forma de transferir a mensagem) e significado (sentido da mensagem).

Portanto, seja como transmissor ou receptor, entenda que a palavra é apenas um meio e o enredo um caminho, o grande valor de qualquer conteúdo pode estar resumido a uma única mensagem, solitária e dispersa, esperando que você a desvende.

 

Referências: A Fundação, Isaac Asimov, 1951; Game Theory, University of Tokio, 2015, disponível em: www.coursera.org; O Livro da Filosofia, diversos autores, 2011; Curso de Linguística Geral, Ferdinand de Saussure, 1951

 

O Filtro da Vida

Todos os conceitos se resumem a pontos de vista.

Na última semana, a cor de um vestido foi um dos assuntos mais comentados ao redor do mundo. Afinal, é muito curioso observar que pessoas veem cores diferentes na mesma imagem.

O assunto fica ainda mais interessante do ponto de vista científico, com a afirmação de que as cores simplesmente não existem. O que vemos é apenas o reflexo de uma das frequências de luz que o objeto observado não é capaz de absorver. Nosso cérebro, então, interpreta essa frequência criando a imagem colorida. Esse filtro é baseado num grande acervo mental construído por experiências ao longo de toda vida.

Mas será que esse processo de interpretação se aplica a todos os sentidos ou somente à nossa visão?

Um homem nascido em 490 anos antes de cristo, mesmo com todas as limitações da época, já entendia que não. Ele dizia que “O homem é medida de todas as coisas”, Protágoras sabia que tudo era relativo e dependia da perspectiva de cada um. Um de seus exemplos mais práticos era: Se um visitante sueco vai à Atenas na primavera, vai afirmar que o tempo está quente, já um visitante do Egito afirmará que está frio e, apesar das opiniões contrárias, ambos estarão falando a verdade.

Hoje, a Psicologia Cognitiva estuda esse fenômeno, fundamentado em como o cérebro de cada indivíduo processa as informações passadas por seus sentidos, como a velha história do copo que parece meio vazio para alguns e meio cheio para outros (ou se o Prot veio ou não de K-PAX).

Este conceito pode facilitar muito nossas relações, seja com amigos, familiares, clientes ou funcionários. Quem nunca observou desavenças por duas pessoas terem conclusões absolutamente diferentes sobre o mesmo assunto? Quantos negócios foram desfeitos ou inimizades foram criadas por uma busca ilógica de consenso?

Outra aplicação prática se refere aos nossos problemas. As dificuldades não possuem uma escala intrínseca de intensidade, somos nós que a atribuímos, de acordo com nossa própria experiência e capacidade de interpretação dos fatos.

Até sua percepção sobre o passado pode mudar, quando seu filtro ou cognição sofrer algum ajuste.

Portanto, não se contente em respeitar as diferenças, aprenda com elas, é o seu acervo mental que pode estar limitado. Reflita sobre suas ações e, por favor, seja maior que seus problemas.

Referências: O Livro da Filosofia, diversos autores 2011.  O Livro da Psicologia, diversos autores 2012. A cor não existe: o que você vê é luz, disponível em: http://hypescience.com/a-cor-nao-existe-o-que-voce-ve-e-luz/, acesso em: 01/03/2015. A Ciência das Cores, disponível em: http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1095&sid=9, acesso em: 01/03/2015

O valor de uma ideia

Uma boa ideia não tem valor algum enquanto permanecer ideia.

Um equipamento portátil, fino e com tela em praticamente toda sua superfície, onde você pode escrever ou desenhar com uma caneta feita especialmente para o aparato e, em seguida, pode facilmente apagar tudo e recomeçar, um produto inovador e sustentável, que proporciona mobilidade e conforto para o usuário.

A descrição acima poderia ser a de um tablet, mas não é. A foto a seguir foi tirada em um museu sobre a colonização alemã no Rio Grande do Sul e mostra o resultado de um antigo projeto para melhorar a mobilidade do ensino: lousas individuais, que permitiam aos alunos a possibilidade de treinar e aplicar seus novos conhecimentos em qualquer lugar.

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Apesar da má qualidade da foto, ela me fez refletir sobre as grandes inovações. Talvez não existam mais ideias que criem algo absolutamente inédito, lançamos apenas projetos baseados em experiências, arquétipos e conhecimentos anteriores, com referências muitas vezes esquecidas pelo próprio idealizador, ou seja, nossos insights, em teoria, não nos faz proprietários de uma nova ideia, já que ela é fruto de um grande inconsciente coletivo.

O inconsciente individual repousa sobre uma camada mais profunda… Eu a chamo de inconsciente coletivo. As ideias mais poderosas da história remontam aos arquétipos

Carl Jung

Como exemplo, acabo de ler o livro Geração de Valor, do Flávio Augusto, havia ficado satisfeito ao perceber que temos algumas ideias em comum, mas, ao olhar de forma mais crítica, entendi que, o que realmente temos em comum, é apenas alguma influência literária, que ajudou a moldar nossas opiniões sobre o mundo, assim como a de milhares de pessoas.

Temos também diversos exemplos em nossa história, onde vários sonhadores tiveram ideias consideradas geniais e revolucionárias, mas logo percebiam que outras pessoas trabalhavam na mesma ideia, ao mesmo tempo e em lugares bem distintos, sem terem tido qualquer tipo de contato.

Portanto, ter uma boa ideia pode ser insignificante, pois muitos já a possuem, o sucesso de um projeto se baseia em execução e timing, lembre-se disso.

Referências: Geração de Valor, Flávio Augusto da Silva, 2014; Os arquétipos e o Inconsciente Coletivo, Carl Jung, 1934; The Psychology Book,  diversos autores, 2013; Nerdcast Empreendedor 01, 2015.

 

O DNA do sucesso

O caminho para o êxito e suas armadilhas.

Em 1868, um cientista chamado Friedrich Miescher conduziu, na Alemanha, uma pesquisa bastante peculiar para entender o sangue humano, mais precisamente o núcleo das células. Utilizou para este fim duas substâncias nada agradáveis: muco extraído do revestimento do estômago de porcos e pus extraído de bandagens dos soldados feridos na guerra contra a Prússia. Com essas pesquisas, nada ortodoxas, ele descobriu que havia algo a mais no núcleo das células do que se conhecia na época, a nova substância foi batizada de nucleína.

Curioso, Miescher começou a procurar nucleína em outras células humanas e numa variedade enorme de criaturas, de rãs a salmões. Onde quer que a procurasse, ele a encontrava. A substância era claramente universal e importante, embora o próprio Miescher nunca tenha percebido o quanto

Mosley e Lynch

Anos depois, em 1944, Oswald Avery publicou um estudo, o qual conseguiu fazer com que bactérias deixassem de ser letais ao remover a ainda desprezada nucleína. Apesar do feito de grande impacto para ciência,  foi ofuscado por seu chefe de pesquisas, que nunca o apoiou por achar que tratava-se de uma pesquisa sem importância.

Embora tivesse ficado claro que Avery fizera uma descoberta de enorme importância, o chefe intercedeu junto ao comitê do Prêmio Nobel para certificar-se de que seu subordinado nunca fosse recompensado. Avery foi descrito como o mais merecedor dos cientistas que nunca recebeu um Prêmio Nobel”.

Mosley e Lynch

A nucleína mudou de nome, virou DNA, mas, Miescher e Avery não tiveram o merecido reconhecimento em vida. Infelizmente, o sucesso não depende apenas do seu trabalho e conhecimento, é preciso prospectar diligentemente as oportunidadespromover seus projetos de maneira assertiva e ainda conquistar aliados que lhe apoiem e auxiliem. Não se acomode com a esperança de um mundo ideal ou mais justo, desvende o seu DNA e use-o a seu favor.

Referência: Michael Mosley e John Lynch, Uma História da Ciência, 2010.

Dieta de Informação

Desconecte-se! Controle sua fome por conhecimento ou será dominado por ela.

Os livros que tem em casa nunca serão suficientes, precisará sempre de mais, porém, não conseguirá se concentrar muito tempo em apenas um. Sempre lerá com pressa, como se pudesse perder alguma informação importante em outro meio. A busca por atualizações em redes sociais lhe deixarão alienado de tal maneira, que quando se der conta de quanto tempo ficou ali, será como sair de uma espécie de transe. A tv nunca ficará no mesmo canal. O acesso aos emails acontecerá de forma automática e frequente, fazendo com que trabalhe mais tempo devido a sua insegurança de deixar algo passar e ser mal visto, do que a real necessidade de produzir. E no final do dia, não vai se lembrar de nada além de um vídeo sobre gatos.

O trabalho por insegurança ameaça ser um peso, além de evitar que você escape do barulho infinito que é pensar somente na opinião do mundo. Para visualizar o que virá a ser, você deve evitar a preocupação constante sobre o que já é

Scott Belsky

Não deixe isso acontecer. Fuja das redes sociais, do controle remoto da tv, ou melhor, da própria tv, fuja dos vídeos engraçados do youtube e das discussões sem sentido. Nada disso importa.

Faça uma reeducação da maneira como consome informação, seja mais seletivo, busque qualidade, cresça e ganhe tempo.

Só não deixe de assistir sua série favorita (on demand, por favor)

Referências: A dieta da Informação, Clay A. Johnson, 2012. A Ideia é boa e agora? Scott Belsky, 2010. Podcast: Man in The Arena Ep. 08

 

“Amor”

Cuidado! o amor é uma ilusão. E não há nada de errado nisso.

Essa noção é construída pelo bem que uma pessoa proporciona a outra, como por exemplo, casais que se sentem mais felizes, seguros e confiantes quando estão juntos, ou a alegria que sentimos quando ajudamos alguém necessitado. Não amamos o amado, mas a sensação que ele nos proporciona.

Nietszche dizia que só existe o amor próprio, que todas as nossas ações são voltadas para o nosso próprio bem.

O hedonismo, teoria de filósofos gregos, diz que a busca por prazer é o objetivo supremo da raça humana.

O utilitarismo de Stuart Mill afirma que sempre agimos buscando o máximo de bem estar.

Adam Smith dizia que “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que devemos esperar nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelo seu próprio interesse“. Em sua teoria do homo economicus, dizia que o “ser humano sempre opta por aquilo que lhe oferece maior utilidade com o menor esforço”.

Tudo isso pode parecer radical e até egoista, mas você deve admitir que explica muita coisa.

A compreensão desse conceito, acredite nele ou não, lhe fará enxergar as relações humanas com outros olhos, de forma mais compreensível e pragmática.

Supere-se!

Referências: A Riqueza das Nações, Adam Smith, 1776; Quando Nietzche Chorou, Irvin, D. Yalom, 1992; Meu amor, que me faz muito bem, 2009.

 

Ecletismo ou Especialidade?

Uma importante decisão a ser tomada.

Ainda não fez um ano que me tornei executivo e, nesse meio-tempo, carreguei comigo uma inquietação: Vale a pena saber um pouco de muito ou muito de pouco?

O conhecimento eclético tem seu charme, afinal, grandes pensadores seguiam essa linha, como Leonardo Da Vinci, por exemplo, que era, entre outras coisas, pintor, geólogo, anatomista, químico e mudou sua época. O ecletismo também funciona bem para empreendedores. Funcionários especialistas tendem a dar mais importância à sua área de atuação na empresa, mas, quando passam a ser donos, percebem a necessidade de olhar sua organização como um todo.

A favor da especialidade, conheço muitos entusiastas, mas me chama a atenção uma antiga teoria econômica chamada Vantagem Comparativa de David Ricardo (1772 – 1823), na qual diz, entre outras coisas, que se você estiver fazendo algo, mas poderia estar fazendo outra coisa de maneira mais eficiente, está perdendo um bem valioso e escasso: o tempo. Em resumo, é como se alguém que fosse muito bom em finanças, passasse parte do seu dia montando apresentações.

Eu tomei minha decisão, por três motivos:

  1. Como o nome do blog já diz, tenho o objetivo de chegar ao topo da hierarquia empresarial e, para isso, precisarei ter uma visão muito mais holística.
  2. Não se trata de uma decisão absolutamente racional, ela é enviesada por minha curiosidade, sempre gostei de aprender sobre diversos temas, então felizmente será um caminho mais confortável.
  3. E finalmente, por que o eclitismo me fez chegar onde estou hoje. Nada como apresentar teorias econômicas para o pessoal de marketing, ou falar de filosofia com a área de produtos, a cultura ampla é capaz de agregar valores inovadores para qualquer área.

Não pare de se questionar, construa uma estratégia para seus objetivos e atue. Espero que você sempre  reflita sobre qual a melhor abordagem e, caso necessário, é só ajustar a mira.

Referências: The Principles of Political Economy and Taxation, David Ricardo, 1817.

 

Pilot

Como tudo começou.

Tudo se resume ao seguinte: Conforme suas experiências se tornam palavras, suas palavras se tornam ações, suas ações se tornam hábitos, seus hábitos se tornam sua imagem e sua imagem se torna o seu destino

Boothman, Nicholas.

Por isso decidi escrever.

Para que você possa lembrar um pouco mais do que aprendemos no caminho. Para que nossas limitações não façam com que minha fome por conhecimento seja desperdiçada.

Escrevo para que nossa caça por insights continue sempre, mas não de maneira meramente esportiva. Esse blog servirá como uma fortaleza, que manterá nossas ideias a salvo do tempo.

Para que nossas melhores experiências conduzam nosso destino.

Para que você não esqueça de onde viemos.

Essa é a sua história, espero que goste!