Descomplique! Processos simples e eficientes podem fazer a diferença.
Certa vez, após uma corrida na praia, parei em uma barraca de água de coco para me hidratar, afinal, era verão e o calor estava intenso, é claro que não fui o único a ter essa ideia, as filas da barraca eram imensas, mas a sede falava mais alto.
Enquanto aguardava, pude observar o processo da barraca, havia duas filas, uma para pagar e receber o produto e outra para solicitar a abertura do coco para consumo da carne. A equipe contava com apenas quatro funcionários para atender uma imensidão de clientes sedentos. Havia um funcionário para vender o coco, o segundo abria para o consumo da carne, o terceiro recolhia as frutas descartadas e o quarto fazia a reposição. O processo era extremamente eficiente e contínuo, não havia gargalos.
O que mais me deixou inquieto foi o fato dessa eficiência ter se desenvolvido de forma orgânica e natural. Nenhum dos donos ou funcionários dessa barraca havia cursado MBA ou cursos de gestão, não foi preciso a contratação de empresas de consultoria ou elaboração de custosos projetos, talvez não tenha acontecido sequer uma reunião formal para detalhar as obrigações de cada um, os processos se azeitaram com o tempo.
Esse desenvolvimento natural de processos é pouco explorado nas empresas, parece existir uma necessidade de “sofisticação” nas discussões de planejamentos estratégicos.
O guru dos negócios Ram Charam resume toda a estratégia de negócios em apenas três partes: Geração de caixa, Retorno de Ativos e Crescimento, diz que tudo que precisa ser feito em uma empresa emana disso. Esse insight funciona para qualquer ramo de negócio, desde um vendedor de balas no semáforo, que precisa vender as primeiras balas, entender qual delas é mais lucrativa e reinvestir o seu lucro, até uma empresa de foguetes, que aplica os mesmos princípios. Apesar da enorme diferença de complexidade das operações, o conceito central de ambos exemplos é o mesmo. O grande empreendedor é aquele que conhece bem esses três conceitos individualmente e domina a relação entre eles.
Um recente artigo do site entrepreneur.com deixa claro que a dificuldade para enxergar soluções simples e naturais está surpreendentemente relacionada à inteligência. Em geral, pessoas mais instruídas:
- tendem a competir em serem melhores ou mais criativos do que outros;
- têm dificuldade em delegar por acreditar que ninguém pode fazer melhor que ele mesmo;
- criam processos que dependem dele para funcionar;
- acham que podem fazer algo excepcional e não se contentam com o simples;
- geralmente têm mais a perder quando cogitam deixar uma atividade para iniciar outra.
A administração desses comportamentos é extremamente importante em um mundo que valoriza cada vez mais o conhecimento. Se não ficarmos atentos, acabamos desvirtuando nosso foco em resultados para o nosso ego e perdemos a genialidade do simples.
Steve Jobs foi um evangelista da simplicidade, o minimalismo foi aplicado em todos os seus projetos:
“The way we’re running the company, the product design, the advertising, it all comes down to this: Let’s make it simple. Really simple.”
Steve Jobs
Portanto, busque sempre as soluções mais eficientes, independente do grau de sofisticação, sua melhor entrega é o resultado, simplesmente isso. Deixe a vaidade, a centralização e o medo para seus concorrentes.
Referências: Why Smart People Make Bad Enterpreneurs, disponível em: http://www.entrepreneur.com/article/240861, acesso em mar/2015. What the CEO wants you to know, Ram Charan, 2011. http://www.smithsonianmag.com/arts-culture/how-steve-jobs-love-of-simplicity-fueled-a-design-revolution-23868877/