O que as empresas e profissionais podem esperar de 2017?
O dia de hoje representa o início de uma nova etapa em nossas vidas. As memórias do ano que passou nos traz muitas reflexões e fazer uma avaliação de nossas conquistas, decepções e aprendizados é, certamente, um ótimo hábito. Mas também é hora de olhar para frente, refletir sobre os nossos sonhos, definir objetivos e traçar estratégias. Na nossa vida profissional, a oportunidade é a mesma. Por isso, vamos começar o ano explorando as principais tendências de 2017, que prometem sacudir os mercados.
São muitos os relatórios que aparecem nessa época, dentre eles, o que mais me chamou a atenção foi o Trend Reports 2017, produzido pela consultoria Trend Watching, que mostra como as principais inovações estão influenciando as expectativas dos consumidores. Os resultados do estudo foram centrados no ser humano e, por isso, entendo que seja um dos relatórios mais relevantes sobre o tema.
“O sucesso nos negócios depende de responder uma questão chave: o que meus consumidores vão querer daqui pra frente?”
David Mattin (Global Head da Trending Watching)
As conclusões são divididas em 4 mega tendências, compostas por um total de 12 tendências chave para os negócios em 2017. Segundo os criadores, são inovações esperando para acontecer. “O que significa que elas não são nada, a menos que façamos alguma coisa”.
Perspectivas Humanas – Parte 1
A história da humanidade é marcada por uma incessante insatisfação. As pessoas vivem em uma verdadeira corrida por serem mais inteligentes, saudáveis, criativos, conectados e, claro, serem vistos como tal. Em 2017, a busca pelo novo e melhor deve continuar, mas irá evoluir mais uma vez. Essa percepção de valores, antes focada nas aparências, agora indica um deslocamento para o mundo interior: deixando de ser apenas uma questão sobre “o que eu tenho” para incluir “quem eu sou”.
- Despreocupação Motivada
O autodesenvolvimento já está estabelecido como uma das mais poderosas (e compartilháveis) moeda de status. Com o avanço da Inteligência Artificial (IA), um grande salto do desenvolvimento humano pode acontecer. Já temos programas de computadores facilitando a vida das pessoas, entregando informações personalizadas e, efetivamente, assumindo algumas atividades do nosso cotidiano.
A Despreocupação Motivada é a tendência das pessoas buscarem aprimoramento, eficiência e status, principalmente, por meio da IA.
- Economia da Experiência Virtual
Na Economia da Experiência, coletar (de preferência sendo o primeiro) raras e surpreendentes experiências era o jogo do status. Em 2017, a busca por experiências se torna digital. Há muito tempo se tem falado sobre a queda das barreiras entre o online e o offline, mas, graças ao Pokémon Go, a Realidade Aumentada e Virtual finalmente chegaram, trazendo consigo a busca por novas e empolgantes experiências virtuais.
- Educadores Éticos
Em 2017, a busca por autodesenvolvimento alcança uma nova fronteira. Consumidores acostumados a investir dinheiro e esforços para aprimorar o corpo por meio de exercícios e dietas ou conquistar mais e mais diplomas, farão, também, esforços para encontrar respostas para uma pergunta ainda mais profunda: como me tornar uma pessoa melhor?
A sociedade hiperconectada da Era Pós-Digital traz recompensas às pessoas que fazem essa busca e, principalmente, para aquelas que conseguem encontrar a sua resposta. Consumidores conectados estão mais aptos do que nunca a expressar sua posição ética.
Horizontes Locais
Ao longo das últimas três décadas discutimos muito o efeito da globalização. Mas, em 2016 observamos forças nos puxando para a direção oposta também. Crises financeiras e de refugiados, aumento da desigualdade ao redor de todo o mundo, envelhecimento da população em muitos países desenvolvidos e as novas possibilidades da tecnologia, fizeram com que as pessoas reforçassem suas conexões políticas, econômicas e emocionais com suas origens.
Em 2017, veremos cidadãos conectados, com a consciência de que o poder coletivo tem mais força do que nunca para influenciar a mudança local.
- Mundos à parte
Milhões de pessoas ao redor do mundo continuarão lutando contra os impactos da globalização. Porém, enquanto isso, boa parcela da população irá voltar sua atenção para o seu próprio mundo, seja sua nação, cidade ou vizinhança. Esse é um efeito batizado como “desglobalização”.
Em uma pesquisa realizada em 10 países europeus, 56% dos consumidores concordam que “nosso país deveria lidar com seus próprios problemas e deixar os outros lidarem com os deles”. Esses consumidores irão procurar novas formas de viver com seus valores, irão adotar medidas que garantam que seus locais ganhem destaque e importância para o mundo.
- Internet de Cidadãos
A economia digital permitiu que consumidores se tornassem produtores, a platéia passou a criar conteúdo e compradores começaram a vender. Em 2017, veremos cidadãos hiperconectados pressionando ainda mais os governos, com o objetivo de gerenciar e transformar sociedades.
Já observamos o impacto das redes sociais em eleições e protestos ao redor de todo o mundo, na exigência de qualidade dos serviços públicos e no monitoramento de cada passo dado por seus governantes. Alguns blogueiros são mais influentes do que grandes marcas, adolescentes estão fundando startups que valem milhões de dólares e investimentos milionários são levantados por meio de crowdfunding. A internet fez o poder mudar de mãos e, nos próximos meses, veremos esse fenômeno se fortalecer ainda mais.
Perspectivas das Marcas
As marcas irão se tornar uma força positiva para a mudança no mundo, não apenas porque é a coisa certa a ser feita, mas assim conseguirão sobreviver e então prosperar na batalha existencial em que se comprometerem. Isso servirá de reforço na luta em que seu público-alvo estará envolvido.
Hoje, a transparência deve ser total, a atenção do consumidor está saturada, uma avalanche de startups surge com o objetivo de quebrar paradigmas e destruir modelos de negócios ultrapassados. Para as marcas terem um futuro viável nesse cenário altamente desafiador, precisarão se adaptar a um ambiente em que a atitude dos consumidores com as marcas estará cada vez mais relacionada a um consumo autêntico e ético.
- Acionistas das Marcas
Nos próximos meses, observaremos uma maior demanda por conveniência, qualidade e valor. As empresas devem provar seu valor e aprimorar o que fazem ao incentivar a participação dos consumidores e funcionários de forma material, criativa ou cultural.
As pessoas considerarão a cultura interna das empresas como um de seus ativos mais importantes, terão atitudes positivas com as marcas que valorizam seus funcionários e possuem uma visão ética.
- Táticas Subversivas
Comprar uma briga pode ser a maneira que algumas marcas irão encontrar para se conectarem com seus clientes. Veremos um ataque a pessoas públicas, outras marcas ou grupos que são considerados antiéticos pelo público-alvo das empresas. As pessoas irão responder à qualquer um com algo interessante, valioso ou engraçado a dizer sobre algo ou alguém que lutam ativamente contra.
Parece perigoso, mas mostrar aos consumidores que uma marca é contra algumas atitudes é a prova de que ela está envolvida na busca por uma sociedade melhor.
- Primeiros a Responder
As pessoas buscam marcas que possuam características humanitárias, mas não importa muito o que dizem e sim o que fazem. Em 2017, consumidores irão dar maior atenção às empresas que utilizam seus recursos para responder imediatamente a situações de emergência.
Empresas de telecomunicação americanas como a Verizon e Sprint, por exemplo, ofereceram ligações gratuitas para Bélgica imediatamente após o ataque terrorista em março de 2016. Esse tipo de atitude é uma tendência importante para os próximos meses.
Perspectivas Humanas – Parte 2
As tecnologias emergentes como a Automação e IA, além de gerar uma capacidade de produção quase ilimitada e trazer a ameaça de um mundo sem empregos suficientes, também prometem ameaçar o monopólio humano de inteligência e criatividade.
Os benefícios e ameaças dessa nova onda tecnológica faz com que as pessoas voltem a atenção para questões fundamentais, como: O que me faz único? Porque eu faço o que faço? Como será minha vida daqui a 20 anos?
Isso significa que, em 2017, surgirão novas formas de expressar o que as pessoas realmente pensam e quem elas realmente são. Uma determinação para buscar relacionamentos mais significativos. E uma grande expectativa de que tecnologias emergentes não irão nos afastar de nós mesmos e nem dos outros, mas que enriqueçam nossa consciência de forma individual e coletiva.
- Pessoas Anônimas
No ambiente online a anonimidade sempre foi assunto presente. Em 2017, um grande número de pessoas irá adotar ferramentas e plataformas que os liberem de sua própria identidade e ofereçam “liberdade”, justiça e novas perspectivas.
O primeiro impacto que vem a mente é que a anonimidade será utilizada para crimes, abuso e assédio. Mas, o avanço da IA, que permite a exclusão de indivíduos que se comportem de maneira ofensiva, oferece novas possibilidades, como plataformas que permitem a liberdade do anonimato e a segurança de um espaço civilizado.
Empresas podem fazer com que a identidade se torne irrelevante em alguns momentos, garantindo que todos os usuários sejam tratados de maneira equânime e possam compartilhar suas opiniões com menor interferência.
- Pessoas Notórias
Enquanto algumas pessoas preferem o anonimato, muitas outras preferem gritar ao mundo sua identidade, compartilhando experiências e conhecimentos com os outros. Um terceiro grupo vai querer ficar anônimo em alguns casos e mostrar quem são em outros.
Para as empresas e profissionais, resta saber em quais contextos as pessoas devem ou não mostrar a sua identidade. Deveremos conhecer plataformas que atendam ambos os públicos e, certamente, muitos irão se aproveitar das opiniões descompromissadas das Pessoas Anônimas e do desejo de compartilhar das Pessoas Notórias.
- Círculos Íntimos
Conforme os nativos digitais estão amadurecendo, formando famílias e começando a se sentir culpados por não ligar para seus pais, eles começam a buscar novas ferramentas e experiências que os ajudem a encontrar tempo, lidar com logística e estreitar o relacionamento com aqueles que mais importam.
Serviços que programem encontros familiares, diminuam distâncias e auxiliem o dia a dia da vida a dois serão, naturalmente, parte dessas famílias que foram, em muitos casos, formadas graças a apps como o Tinder.
- Humanos Renovados
Os perigos da IA que vimos no último post, como desemprego ou falta de habilidades para lidar com as novas atividades, são parte intrínseca da revolução tecnológica. Mas, em 2017, algumas marcas irão atacar essas oportunidades e provar seu entendimento de que a tecnologia pode e deve renovar o ser humano.
Ensinar novas habilidades, fazer com que as pessoas sejam mais produtivas e ágeis, auxiliar nos cuidados dos que precisam de assistência e tratar as pessoas como seres emocionais que buscam um propósito maior são apenas algumas das oportunidades que estão surgindo.
Para finalizar…
O relatório apresenta muitos exemplos e evidências dessas mudanças e ainda oferece algumas alternativas e ferramentas para que as empresas e profissionais consigam explorar essas tendências, vale a pena conferir.
Pudemos observar que, nos próximos meses, teremos uma busca maior por propósito, valor e melhorias da nossa sociedade. Tais constatações renovam as esperanças para que consigamos criar um mundo cada vez melhor.
Claro que não teremos mudanças da noite para o dia, ainda vamos testemunhar situações absolutamente contrárias a estes movimentos. Por isso que precisaremos, antes de qualquer coisa, fazer uma avaliação dos nossos próprios valores. Influenciando positivamente nossas famílias, empresas, cidades, governos, para que, assim, consigamos ganhar escala para uma mudança de grandes proporções.
As tendências de 2017 trazem oportunidades e ameaças. Profissionais antenados a elas terão maiores condições de prosperarem em um ambiente de tantas rupturas.
Agora, cabe a cada um decidir qual será o seu papel nesse ano que está por vir.
Referências Tendências 2017: Trend Report 2017, trendwatching.com