Direto ao ponto… que interessa
As decisões baseadas em seu grau de utilidade são grandes aliadas do êxito profissional, são muitos os exemplos de pessoas práticas que acumulam histórias de sucesso. Esse comportamento racional também ajudou a moldar nossa sociedade e nos trouxe até aqui, então, nada melhor do que usar um dos exemplos históricos para abordar o tema.
A maior potência mundial da atualidade tem uma história em comum com esse tema. Em 1853, o especialista britânico em máquinas e equipamentos, Joseph Whitworth, realizou grandiosos e reveladores estudos sobre o desenvolvimento exponencial dos Estados Unidos. O conteúdo extraído de seus relatórios traz importantes reflexões, como:
“…os americanos exibem enorme engenhosidade, combinada com grande energia e motivação, que, como nação, nós faríamos bem em imitar, se quisermos preservar nossa posição atual no grande mercado mundial”.
Naquela época, os EUA ainda eram vistos com uma nação emergente por muitos. Pesquisas atuais apontam, no entanto, que os britânicos já haviam sido ultrapassados desde os anos 1820 na corrida da produtividade, depois foi a vez da renda per capita, igualada nos anos 1860. Mas o que fez os americanos prosperarem tanto? Segundo Whitworth, as principais razões para esse desenvolvimento, além da abundância de recursos naturais, foram:
- Baixa resistência à inovação por parte dos trabalhadores;
- Menor número de barreiras para abrir empresas;
- Alta taxa de alfabetização;
- Imprensa barata.
Em suma, os americanos eram mais práticos. Desse comportamento, surgiu, em 1878, o Pragmatismo, termo proposto por Charles Sanders Peirce, no ensaio Como tornar claras as nossas ideias, que tem como proposta doutrinar o pensamento filosófico para a utilidade. Segundo ele, não devemos nos perguntar apenas “é dessa forma que as coisas são?”, mas sim, “quais são as implicações práticas ao se adotar essa perspectiva?”.
Essa nova filosofia influenciou muitos outros americanos, o nova iorquino William James foi um dos maiores entusiastas do pensamento pragmático e um de seus maiores ensinamentos foi: “faz diferença agir como se você fizesse diferença“. Seu exemplo mais conhecido é de um homem faminto perdido na floresta, se ele acreditar que consegue sair da floresta, irá tentar e pode conseguir sobreviver, caso contrário, ficará parado e fatalmente sucumbirá à fome.
Essa cultura enraizada no povo americano criou importantes alavancas para o desenvolvimento da nação, como o patriotismo, orgulho e confiança. São sentimentos compartilhados por grande parte do povo americano e que são percebidos até hoje no simples contato com qualquer nativo.
Tal objetividade foi uma das responsáveis por tornar o país em tamanha potência econômica e podemos tirar grandes lições ao adotar esse padrão de comportamento, como foco em resultados, eficiência e ambição. Mas existem algumas armadilhas que devem ser administradas: O conceito de foco pode ser simplesmente desfocar o que não interessa, o que nos impede de considerar as consequências; a eficiência pode ignorar a sustentabilidade e criação de valor a longo prazo; a ambição pode virar ganância.
No século XIX, uma nova ideologia surgiu nos EUA, o Destino Manifesto que, segundo ele, o povo americano fora eleito por Deus para promover o desenvolvimento e a formação da nação mais importante de todos os tempos. Essa crença, aliada ao comportamento pragmático, foi o suficiente para despertar a ganância e a inconsequência em uma parcela daquela população, o que culminou em guerras, crises e em um movimento visto por muitos como imperialista.
Quando trazemos essas armadilhas para o nosso cotidiano, a maior preocupação ao adotar uma postura mais prática e objetiva é o exagero. O pragmatismo implacável de Frank Underwood, personagem do seriado House of Cards, retrata muito bem a personificação de um indivíduo que não mede os meios para atingir os fins e estrutura planos maquiavélicos e imorais para atingir seus objetivos, para Underwood, lhe faltam os princípios.
A objetividade é uma forte aliada ao nosso desenvolvimento, mas exige grande responsabilidade. Portanto, foque nos seus objetivos e encontre a maneira mais prática de chegar, moralmente, a eles.
Referências: Os Magnatas, Charles Morris, 2005. O Livro da Filosofia, Diversos autores, 2010.